Veritas (Jan 2009)
A função do método de análise na constituição do argumento do cogito nas meditações: uma leitura do cogito através da reductio ad absurdum
Abstract
Considerando que o cogito possa ser tomado, nas Meditações, como uma conclusão de uma demonstração, pode-se avançar a tese de que essa demonstração está consoante ao método analítico, que Descartes reconhece empreender nesse texto. Esse método teria entre as suas funções nas Meditações aquela de apresentar sob a forma de uma rede de implicações ontológicas o raciocínio que conduz à certeza da existência. Como cumpre no referido texto determinar a certeza da existência sem tomar como base nenhuma certeza preestabelecida, o método analítico financiaria, segundo a nossa interpretação, uma reconstrução do argumento do cogito sob uma base indireta, mais precisamente através de uma reductio ad absurdum, cujo objetivo consiste em mostrar a contradição inelutável que surge na tentativa de um indivíduo de provar a sua não existência