Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA ASSOCIADA A ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE COM RESPOSTA SOMENTE APÓS INTRODUÇÃO DE IBRUTINIBE

  • ASH Gallotti,
  • SLBG Oliveira,
  • ERM Neri,
  • MM Garcia,
  • NN Kloster,
  • CM Freitas,
  • ACP Silva,
  • CE Gonçalves,
  • VLP Figueiredo

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S161 – S162

Abstract

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Objetivo: Relatar caso de paciente com diagnóstico de leucemia linfocítica crônica (LLC) associada a anemia hemolítica autoimune (AHAI) por anticorpos quentes refratária a várias terapias, com resposta após início de ibrutinibe. Metodologia: Descrição de caso clínico realizado através da coleta de dados em sistema digital do HSPE. Relato de caso: Homem, 62 anos, com diagnóstico de LLC em 2013. Indicado tratamento com fludarabina, ciclofosfamida e rituximabe (FCR) devido anemia, com remissão da doença até o segundo semestre de 2022, quando iniciou acompanhamento no HSPE. Evoluiu com cansaço, linfonodomegalias, esplenomegalia, hemoglobina (Hb) 4,8 g/dL, leucócitos (Lt) 202 mil/mm3 com 197 mil linfócitos, plaquetas 42 mil/mm3, aumento de DHL e bilirrubina indireta, testes de Coombs direto e indireto positivos. Realizado tratamento com corticoide, seguido de imunoglobulina e rituximabe, porém sem melhora clínica e laboratorial. O mielograma evidenciou ausência de displasias e presença de 93% de linfócitos morfologicamente maduros, achados confirmados em biópsia de medula óssea. A imunofenotipagem confirmou LLC e o estudo citogenético não mostrou alterações. Após resultado destes exames foi optado pelo tratamento com protocolo FCR, porém sem resposta depois de 2 ciclos, sendo substituído por ibrutinibe 420 mg ao dia. Em dez dias deste tratamento evoluiu com Hb acima de 7 g/dL, e após seis meses com Hb 12,7 g/dL, Lt 12.330/mm3, linfócitos 7400/mm3 e plaquetas 123 mil/mm3. Segue em tratamento e assintomático. Discussão: A AHAI é um evento autoimune comum em pacientes com LLC, geralmente por produção de anticorpos do tipo IgG quentes direcionados contra as hemácias. Envolve células apresentadoras de antígenos, linfócitos B e T, citocinas pró-inflamatórias e produção dos autoanticorpos. O tratamento de condições autoimune associada a LLC é semelhante ao empregado caso ocorresse de forma espontânea. Diante da refratariedade aos tratamentos, deve ser considerado terapia direcionada para a LLC. Novos agentes terapêuticos vêm sendo estudados nesses casos, como os inibidores da tirosina quinase de Bruton (BTK). Esses atuam na inativação dos linfócitos B / plasmócitos, complemento, monócitos e macrófagos no baço e assim impedindo a destruição do eritrócito por citotoxicidade celular ou fagocitose no baço. Os dados mais extensos disponíveis até o momento são baseados em relatos de casos e em uma subanálise do estudo RESONATE de fase III (ibrutinibe vs. ofatumumabe em pacientes com LLC R/R) avaliando os efeitos desse agente em pacientes com AHAI e/ou PTI concomitantes. Nesses estudos, foi evidenciado melhora do quadro e manutenção da resposta durante um acompanhamento médio de 17,5 meses, corroborando com o caso clínico apresentado acima. Conclusão: A presença de AHAI é um evento autoimune comum em pacientes com LLC, com o uso de inibidor de BTK em relatos de estudos clínicos e neste caso apresentado demonstrando bons resultados e com a necessidade de seguimento para avaliação de permanência de resposta.