Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

TENDÊNCIAS REGIONAIS DA LEISHMANIOSE VISCERAL EM PESSOAS VIVENDO COM HIV NO BRASIL

  • Luciano Araújo de Souza Filho,
  • Flávia Moreira Dias Passos,
  • Vanessa Alves Nascimento,
  • Guilherme Pedralina dos Santos,
  • Beatriz Santana Ribeiro,
  • Walmer Carvalho Filho,
  • Marco Aurélio de Oliveira Góes

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103059

Abstract

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Introdução/Objetivo: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença grave e negligenciada. Por sua vez, a infecção pelo HIV é um fator de risco para o desenvolvimento de complicações e desfechos desfavoráveis em pacientes com LV. No Brasil, a coinfecção entre ambas as condições apresenta preocupações adicionais devido às possíveis interações entre os dois patógenos, ainda mais quando evidenciado a relevância destas doenças no país. Por esse motivo, o estudo tem como objetivo avaliar as tendências temporais da coinfecção Leishmaniose visceral e HIV/aids no Brasil. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional (série temporal) dos casos de Leishmaniose visceral em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) no Brasil de 2007 a 2022. Os dados foram obtidos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde a partir dos bancos de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As tendências temporais foram analisadas por meio de modelos de regressão Joinpoint (regressão linear segmentada), sendo calculada a variação percentual anual média (AAPC - average annual percent change) para o período completo. Resultados: No período estudado ocorreram 54115 casos de LV no Brasil, sendo 4843 em PVHIV (8,9%). Entre PVHIV 78% dos casos de LV ocorreram no sexo masculino e 87,6% entre 20 e 59 anos. A coinfecção LV/HIV variou de acordo com a região, sendo maior no Centro-Oeste (16,5%), Sul (12,1%) e Sudeste (10,5%), e menor no Norte (4,2%) e Nordeste (8,8%). Evidenciou-se tendência de crescimento da proporção de coinfecção LV/HIV na região Norte (AAPC = 19,0), Centro-oeste (AAPC = 11,2), Nordeste (AAPC = 9,9) e Sudeste (4,8). Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste as tendências de detecção da coinfecção LV/HIV foram crescentes durante todo o período. No Sudeste houve segmentação da tendência temporal sendo crescente até 2017 e a partir desse ponto decrescente. Na região Sul pelo pequeno número de casos não foi possível avaliar a tendência. A letalidade foi de 8,7% nos casos de coinfecção Conclusão: Este estudo destaca a significativa proporção de coinfecção LV/HIV no Brasil, com tendências de aumento na maioria das regiões, evidenciando a importância de estratégias de prevenção e controle direcionadas à coexistência dessas doenças, ressaltando a necessidade de melhorias no diagnóstico precoce e no tratamento adequado.

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