Opus (Aug 2021)

A transitividade do samba: uma análise interdisciplinar

  • Walter Garcia

DOI
https://doi.org/10.20504/opus2021b2708
Journal volume & issue
Vol. 27, no. 2

Abstract

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Adensar a reflexão teórica nos estudos de música popular é uma tarefa tão necessária quanto ainda pouco empreendida no Brasil. Isso dificulta, junto de outros fatores, a consolidação desses estudos como campo autônomo. O objetivo principal deste artigo, assim, é o de colaborar para tal adensamento, o que se pretende fazer em perspectiva interdisciplinar. Inicialmente, o trabalho retoma a noção de transitividade apresentada por Muniz Sodré nos ensaios Samba, o dono do corpo (SODRÉ, 1998) e A lira independente (SODRÉ, 1991), bem como a aplicação que dela fez Carlos Sandroni, em Feitiço decente (SANDRONI, 2012); e propõe uma tipologia que visa melhor esclarecer as relações entre o samba e os “sentimentos vividos”. A seguir, a fim de investigar um caso particular de transitividade, o artigo examina É bom parar, composição de Rubens Soares e Noel Rosa gravada por Francisco Alves para o carnaval de 1936 (É BOM…, 2000). A análise parte da crônica de João Máximo e Carlos Didier, em Noel Rosa: uma biografia (MÁXIMO; DIDIER, 1990), e da síntese que dela fez Carlos Sandroni (2012) no campo da etnomusicologia; mas busca aprofundar o entendimento da forma daquela canção voltando-se tanto para a estrutura poético-musical quanto para a interpretação dos sentidos de tal estrutura à luz do processo histórico.

Keywords