Bioscience Journal (Aug 2013)
Aspectos anatômicos dos nervos da coxa de tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758)
Abstract
A carência de conhecimento básico acerca das espécies selvagens, em especial de anatomia topográfica, tem constituído um obstáculo à prática de procedimentos clínico e cirúrgico em animais selvagens. Portanto, objetivou-se descrever os nervos da coxa do Myrmecophaga tridactyla, abordando sua topografia, ramificação e território de inervação. Para tanto, foram utilizados seis cadáveres adultos, fornecidos pelo IBAMA-GO (licença 99/2011, CEUA-UFG protocolo nº 015/11), fixados e conservados em solução aquosa de formaldeído a 10%. Os nervos responsáveis pela inervação da coxa do M. tridactyla foram o genitofemoral, o cutâneo femoral lateral, o femoral e seu principal ramo, o nervo safeno, o obturador, o glúteo cranial, o isquiático e o cutâneo femoral caudal. O ramo femoral do nervo genitofemoral inervou a região cutânea medial da coxa e o linfonodo inguinal superficial. O nervo cutâneo femoral lateral distribuiu na região cutânea craniomedial e craniolateral da coxa. O nervo femoral enviou ramos aos músculos ilíaco, psoas maior e menor, iliopsoas, pectíneo, sartório e quadríceps femoral. O nervo femoral continuou como o nervo safeno e ambos inervaram a região cutânea medial da coxa e o segundo a região cutânea medial do joelho. O nervo obturador inervou os músculos obturador externo, inclusive sua parte intrapélvica, adutores magno, longo e curto, e grácil. O nervo glúteo cranial distribuiu no músculo tensor da fáscia lata. O nervo isquiático enviou ramos aos músculos gêmeos, quadrado femoral, semimembranoso, semitendinoso, bíceps femoral, longo e curto, e a região cutânea lateral da coxa e joelho. O nervo cutâneo femoral caudal forneceu ramos ao músculo semitendinoso, na região da tuberosidade isquiática e face caudolateral da coxa. Há consideráveis diferenças entre o território de inervação dos nervos da coxa do M. tridactyla em relação ao dos animais domésticos, o que na prática inviabiliza a extrapolação de técnicas de procedimentos clínico-cirúrgicos e protocolos anestésicos adotados em animais domésticos para a espécie em questão.