Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
FOTOFÉRESE EXTRACORPÓREA – PRIMEIRO PROCEDIMENTO REALIZADO NO SERVIÇO DE AFÉRESE DO BANCO DE SANGUE DO HOSPITAL SANTA MARCELINA – RELATO DE CASO
Abstract
Introdução: Fotoférese Extracorpórea (FEC) se baseia na manipulação dos linfócitos T com substâncias fotossensibilizantes que quando expostos à luz ultravioleta (UV) sofrem apoptose e ao serem devolvidos ao paciente desencadeiam uma série de efeitos imunomodulatórios. Poucos serviços dispõem do equipamento e relatamos a primeira experiência do setor de Aférese do Hospital Santa Marcelina no uso da FEC. Relato de caso: Paciente 55 anos, masculino, com Linfoma Cutâneo de Células T desde 2017, tratado antes com corticoide e CHOEP, sem resposta; de dez/2017 a jan/2018 fez metotrexato, resposta parcial; mudou para GVD de fev/2018 a mai/2018 e novamente resposta parcial. Novo tratamento com Cladribina em jun/2018 com resposta completa. Out/2018 apresenta novamente eritema e biópsia evidenciou recaída. Prescrito interferon e encaminhado em ago/2019 para no nosso Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO), foi constatado atividade da doença e indicado FEC antes do TMO. Proposto o protocolo da ASFA (American Society for Apheresis) que recomenda para Linfoma Cutâneo de Células T/Micose Fungoide/Síndrome de Sezary duas sessões de fotoférese em dias consecutivos (considerado um ciclo) e repetido o ciclo depois de 2–4 semanas, por 5–6 meses. O procedimento de fotoférese é contraindicado quando a leucometria está acima de 25.000/mm3, no dia 05/02/2020 o paciente apresentava leucócitos totais de 26.540/mm3, sendo necessário aumentar a dose do interferon e associar corticoide, novo hemograma de 07/02/2020 com contagem em 22.800/mm3, o primeiro ciclo foi programado e realizado nos dias 10 e 11/02/2020. Houve um treinamento prévio para equipe de enfermagem pela empresa do Sistema THERAKOS CELLEX Photopheresis e os dois primeiros procedimentos, do primeiro ciclo, foram com acompanhamento in loco . Os ciclos seguintes foram realizados com suporte remoto, no total foram realizados 5 ciclos (10 sessões de FEC), sempre o paciente recebendo orientações sobre os cuidados, em especial sobre uso de proteção UVA: óculos escuros, protetor solar, evitar exposição solar direta. Desde o primeiro procedimento apresentou febre horas após o procedimento, reação adversa mais comum. Porém apresentou piora da eritrodermia, no segundo ciclo ficou mais pronunciada, e no terceiro ciclo os sintomas foram intensificados com lesões bolhosas, e paciente foi internado em 25/03/2020. Após avaliação dermatológica, suspeitou-se de penfigóide bolhoso ou farmacodermia secundária à medicação ou radiação ultravioleta. A FEC ficou suspensa um ciclo e retomamos em 22 e 23/4/2020, fizemos um intervalo maior, realizando o 5°ciclo em 26 e 27/05/2020. Mas o paciente continuou apresentando as lesões bolhosas, e após o 5°ciclo permaneceu internado para tratamento, e as sessões foram suspensas. Paciente recebe alta em 25/06/2020 com orientação de acompanhamento ambulatorial. Conclusão: Com o Sistema THERAKOS CELLEX Photopheresis o procedimento de FEC é de fácil execução, cabendo ao responsável pelo procedimento ações pontuais, como montagem do kit com cuidado para o conjunto de lâmpadas de luz ultravioleta e a colocação da solução fotossensibilizante (UVADEX Methoxsalen) no produto coletado. É rápido, menos de 60 minutos, devendo o paciente ter um acesso venoso adequado ao fluxo periférico ou por cateter. Uma boa história clínica, verificar se o paciente não é esplenectomizado (o que contraindica o procedimento) e conferência dos exames pré-procedimento como leucograma, coagulograma, perfil lipídico e bilirrubina devem ser realizados. A primeira experiência em Fotoférese Extracorpórea do Serviço de Aférese foi fundamental para elaborarmos os protocolos internos com capacitação da equipe e interações entre todos os setores envolvidos.