Anuário do Instituto de Geociências (Jan 2005)
Seláquios do Acervo do Museu de Ciências da Terra / DNPM-RJ
Abstract
Os seláquios depositados na Coleção de Peixes Fósseis do MCTer correspondem a uma amostragem da ocorrência do grupo no Brasil. São 86 registros, sendo 9 deles holótipos, no acervo, 32,5% dos exemplares são representantes do Devoniano e Permiano, 46,5% do Cretáceo e 21% do Cenozóico, que correspondem a 19 gêneros e 36 espécies. Devido a configuração cartilaginosa do seu esqueleto, o registro fóssil restringe-se a partes mineralizadas como dentes, escamas, espinhos de nadadeiras e cefálicos. Eventualmente, ocorre a preservação de um esqueleto completo incluindo partes moles como o Tribodus limae Brito & Ferreira, 1989. Do Paleozóico, destacam-se os espinhos de Xenacanthiformes e pertencem ao acervo os holótipos de Xenacanthus tocantinsensis Santos & Salgado, 1970; Xenacanthus albuquerquei (Santos, 1946) e Xenacanthus santaritensis Ragonha, 1986. Da ordem Ctenacanthiformes há os holótipos de Ctenacanthus gondwanus Santos, 1947 e Ctenacanthus maranhensis Santos, 1946; há um representante ainda, dos Eugeneodontiformes, síntipos de Anisopleurodontis pricei Santos 1994. Entre os seláquios cretáceos estão os Lamniformes, com os exemplares de Cretolamna serrata, (Agassiz, 1843) e Scapanorhynchus rapax (Quaas, 1902). Os Hibodontiformes constituem o grupo mais representativo do mesozóico, são espinhos de nadadeiras, espinhos cefálicos e alguns dentes de Hybodus sp. O holótipo de Hybodus florencei (Moraes Rego, 1960) da Formação Corumbataí, bem como o parátipo de Tribodus limae Brito & Ferreira 1989; da Formação Santana, bacia do Araripe, fazem parte do acervo do MCTer. Dos seláquios cenozóicos estão os representantes da Formação Pirabas, Mioceno do Estado do Pará, dos quais constam dois holótipos, Carcharhinus ackermanii, Santos & Travassos 1960 e Galeocerdo paulinoi Santos & Travassos, 1960; e um dente de Carcharocles megalodon (Agassiz,1835), o maior tubarão carnívoro já existente e alguns peixes fósseis que ocorrem nos dias de hoje, como os gêneros Sphyrna (tubarão-martelo) e Ginglymostoma (tubarão-lixa). Esse acervo reveste-se de importância pois os tubarões fósseis podem ser utilizados como fósseis-guias em algumas seqüências geológicas, pois não apresentam descontinuidades significativas dentro de suas classificações. Alguns gêneros e ordens viveram em eras ou períodos bem específicos, como o gênero Hybodus que teve seu apogeu no Cretáceo Inferior e a ordem dos Xenacantiformes registrado em águas doces do Devoniano ao Triássico.