Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

PERFIL DE RESISTÊNCIA DE STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO DE 2020 A 2022

  • Marinei Campos Ricieri,
  • Giovana Baldan Guerra,
  • Beatriz Nayra Dias de Andrade,
  • Mariana Tofalini Silva,
  • Bianca Sestren,
  • Erika Medeiros dos Santos,
  • Laura de Andrade Lanzoni,
  • Fábio de Araújo Motta

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102867

Abstract

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Introdução/Objetivo: O Streptococcus pneumoniae é o principal causador infecções respiratórias e meningite em crianças. A infecção por esse germe é responsável por altas taxas de mortalidade em crianças com menos de 5 anos. Estima-se que 15% a 30% das cepas sejam resistentes (R) aos antimicrobianos. O objetivo desta pesquisa foi descrever o perfil de R do S. pneumoniae em amostras de pacientes internados em um hospital pediátrico. Métodos: Estudo quantitativo, documental retrospectivo conduzido em um hospital pediátrico em Curitiba. Foram analisados antibiogramas de todas as amostras de S. pneumoniae isolados entre 2020 a 2022 (n = 36), a partir de líquidos estéreis (cavitário, pleural, líquor e sangue) e secreção otológica, de pacientes internados nas enfermarias e unidades de terapia intensiva. Resultados: Ao longo dos 3 anos a frequência de isolados de S. pneumoniae aumentou, principalmente em 2022 (n = 3; 4; 28). As principais amostras que positivaram foram hemoculturas (47%), líquido pleural (25%) e secreção de ouvido (22%). Considerando o total de amostras, as maiores taxas de R foram para ampicilina (92%), clindamicina (77%) e sulfametoxazol/trimetoprima – SMX/TMT (77%). A R a ceftriaxona (CEF) foi de 4%. Estratificando os resultados por tipo de amostra, no líquor, em 2020 e 2021 não tivemos nenhum isolado. Em 2022 foram 2 amostras positivas, e destas 100% eram R a benzilpenicilina, 50% R a clindamicina (CLI) e 100% S a CEF. Esse perfil corrobora com os resultados do SIREVA 2022, que contraindicam o uso empírico de penicilina e CLI no tratamento de doenças pneumocócicas. Para as outras amostras microbiológicas, considerando 3 anos de levantamento, a R ao pneumococo para CLI aumentou (33% - 50% - 88%), oscilou para benzilpenicilina (0% - 50% - 26%) e começou a surgir cepas R para CEF (0% - 0% - 6%). Nas infecções respiratórias, sobretudo na pediatria, a terapia switch oral é uma possibilidade a se considerar, porém, as opções via oral disponíveis com menor perfil de R é a levofloxacino (100% de S). Para SMX/TMT o perfil de R é crescente (67% - 75% - 85%), sendo junto a com CLI opções apenas se guiada por antibiograma. Conclusão: A observação do perfil de S e R do S. pneumoniae ao longo de 3 anos tem sido favorável para a ceftriaxona em termos de S, independente do foco infeccioso, fazendo dela uma opção empírica segura. Para outros antibióticos, o antibiograma deve ser consultado.

Keywords