ANTICORPO CONTRA ANTÍGENO DE ALTA FREQUÊNCIA (ANTI-VEL) E A DIFICULDADE DE ENCONTRAR SANGUE COMPATÍVEL PARA TRANSFUSÃO

Abstract

Introdução: Antígeno Vel é de alta frequência populacional, sua ausência independe da etnia, e é causada por uma deleção de 17 pares de bases, que resulta na ausência da proteína na membrana celular. A expressão do antígeno Vel geralmente é fraca nas hemácias de cordão e difere de um indivíduo para o outro. Sua expressão sorológica não é afetada pelo tratamento com protease, sendo o tratamento com DTT 0,2M variável. O anticorpo anti-Vel é frequentemente uma mistura de IgG e IgM, ativa o sistema complemento e tem sido implicado em reações transfusionais de leve a grave, embora a doença do feto e recém-nascido seja raro. Objetivo: Descrever a identificação de anticorpo contra antígeno de alta prevalência e a dificuldade de encontrar doador fenótipo compatível. Material e métodos: Paciente com diagnóstico de Anemia Falciforme, Renal Crônico, em hemodiálise, B RhD+; R1r, apresentando positividade nos testes de triagem de anticorpo irregular com hemácias comerciais I, II, III (Bio Rad) liss/coombs e enzima pela técnica em gel, o Teste de Antiglobulina Direto e Auto Controle foram negativos. Passamos a amostra no painel (Bio Rad), em liss e enzimática e observamos o mesmo padrão de reação com todas as hemácias testadas (3+). Os resultados, foram sugestivos de anticorpo contra antígeno de alta frequência. Realizamos testes adicionais direcionados a esses anticorpos utilizando um painel de hemácias de 16 células (Immucor-Fresenius), todas as células apresentaram reatividade, exceto em uma hemácia Vel-. Realizamos um painel selecionado com 02 hemácias raras Vel-, e os resultados foram negativos. A amostra foi encaminhada para Biologia molecular, e houve a confirmação do fenótipo Vel negativo: CO*A/A; CROM*01/01; JMH*01; JS*B/B; KN01.-05/01-09; DI*B/B; YT*A/A; GE*01/01; DO*A/B; VEL*01N.01/01N.0 1. Discussão: Buscado doadores entre os familiares, encontramos somente um irmão com muitas comorbidades, e que apresentou prova cruzada compatível, indicando que ele também seria Vel -. Havia três doadores cadastrados em nosso banco de dados como Vel-, porém com doações há mais de 15 anos, tentamos contato via telefone e redes sociais, sem sucesso e nenhum retorno. Buscado doador Vel- no Banco Nacional de Doadores Raros CGSH (Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivado do Ministério da Saúde), encontraram duas irmãs, uma em final da gestação e a outra apresenta uma cicatriz sorológica o que impossibilita definitivamente a sua doação. Divulgamos também entre os bancos de sangue parceiros e até encontramos dois doadores, porém eles eram A RHD+ e o paciente era B RhD+. Houve uma piora do paciente e ele iniciou a eritropoetina. O cardiologista do irmão em consenso com o médico do banco de sangue, concordaram em liberar a doação e o paciente foi transfundido. Houve mais uma vez a piora do paciente, e com a divulgação entre os Bancos de Sangue, encontramos um possível doador com a ajuda do Hemocentro de Santa Catarina (HEMOSC), que realizou um screening em doadores específicos encontrando um doador compatível. Conclusão: Podemos notar o quanto é importante a interação entre os bancos de sangues, bem como, não só de encontrar doadores com fenótipos negativos para os principais antígenos de grupo sanguíneo, mas também a importância de manter esses cadastros ativos e atualizados. Acho que toda a comunidade sente a falta de reagentes e bolsas especificas para o congelamento de sangue raro a fim de suprir essas necessidades e manter estoques disponíveis e adequados.