Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery (Dec 2005)

Reposicionamento do músculo papilar: a técnica padrão para plastia do prolapso da cúspide anterior da mitral Papillary muscle repositioning: the gold standard technique to repair anterior mitral leaflet prolapse

  • Olívio Souza Neto,
  • Stephane Aubert,
  • Amit Pawale,
  • Giltamar Marques,
  • Anderson Nascimento,
  • Gilles D. Dreyfus

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-76382005000400003
Journal volume & issue
Vol. 20, no. 4
pp. 363 – 370

Abstract

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OBJETIVO: O propósito deste estudo é demonstrar que o reposicionamento do músculo papilar é uma técnica confiável para o reparo do prolapso da cúspide anterior, portanto, nós descrevemos esta técnica e seus resultados propondo-a como padrão. MÉTODO: Entre 1989 e 2005, 120 plastias da valva mitral foram consecutivamente realizadas por meio do reposicionamento do músculo papilar no prolapso da cúspide anterior. Oitenta e sete pacientes eram do sexo masculino e 33 do feminino, sendo, a média de idade de 59 ± 11,5 anos. Cinqüenta e nove por cento dos pacientes estavam em classe funcional (NYHA) III ou IV, a média da fração de ejeção foi 65,7 ± 8,9%. A etiologia predominante na regurgitação da valva mitral (RM) foi doença degenerativa: Barlow (n=43) e distrofia (n=62). As outras etiologias eram: endocardite cicatrizada (n=5), reumática (n=5), isquêmica (n=4), congênita (n=1). O reposicionamento do músculo papilar posterior foi realizado em 111 (92,5%) casos e do anterior em 38 (31,7%). Procedimentos associados foram realizados em 76 (63,3%) pacientes. RESULTADOS: Não houve óbito hospitalar. Durante o acompanhamento, 14 (11,7%) pacientes foram a óbito, incluindo sete (5,8%) por causas cardíacas. As taxas da curva de sobrevida acumulada em 1, 5, 10 e 15 anos foram 98,3%, 97,2%, 94,1% e 81,4%, respectivamente. Dois (1,7%) pacientes foram reoperados por regurgitação recorrente, eles foram submetidos à troca da valva 1 e 5 anos depois do reparo e morreram 3 e 6 anos após esta troca valvar. Não houve movimento anterior sistólico. As taxas de sobrevida acumulada livre de reoperação envolvendo a valva mitral em 1, 5, 10, e 15 anos foram 97,4%, 97,4%, 92,8% e 86,7%, respectivamente. Nós não achamos nenhum fator de risco de mortalidade e de reoperação. O acompanhamento completo foi realizado em todos os pacientes. Após um tempo de acompanhamento mediano de 5,9 anos (de 0,1 a 15,6 anos), 87 (72,5%) pacientes estavam na classe I - NYHA, o controle ecocardiográfico mostrou nenhuma ou mínima regurgitação em 89 (74,2 %) pacientes, leve regurgitação em oito (6,7%) e moderada regurgitação em nove (7,5%). CONCLUSÃO: O reposicionamento do músculo papilar é uma técnica confiável e segura, com excelentes resultados clínicos e ecocardiográficos a longo prazo. Desta maneira, estamos propondo-a como padrão para o reparo da cúspide anterior prolapsada.OBJECTIVE: The aim of this study was to demonstrate that papillary muscle repositioning is a reliable technique to repair anterior leaflet prolapse. Therefore we describe this technique and its long term results to propose it as a gold standard. METHOD: Between 1989 and 2005, 120 mitral valve repairs were consecutively performed using papillary muscle repositioning in cases of anterior leaflet prolapse. There were 87 males and 33 females, the mean age was 59 ± 11.5 years. 59% of patients were in NYHA III or IV. Mean ejection fraction was 65.7 ± 8.9%. Predominant aetiology of mitral regurgitation (MR) was degenerative: Barlow (n=43) and dystrophic (n=62). The other aetiologies were: healed endocarditis (n=5), rheumatic (n=5), ischemic (n=4), congenital (n=1). A posterior papillary muscle repositioning was performed in 111 (92.5%) cases and an anterior in 38 (31.7%). Associated procedures were carried out in 76 (63.3%) patients. RESULTS: There were no in-hospital deaths. During the follow-up, 14 patients (11.7%) died, including seven (5.8%) due to cardiac causes. The cumulated survival rates at 1, 5, 10 and 15 years were 98.3%, 97.2%, 94.1% and 81.4% respectively. Two patients (1.7%) were reoperated for recurrency of the regurgitation, they underwent a replacement of the valve 1 and 5 years after the repair and died 3 and 6 years, respectively after this replacement. There was no systolic anterior motion. The cumulated survival rates free from reoperation involving the mitral valve at 1, 5, 10 and 15 years were 97.4%, 97.4%, 92.8 % and 86.7% respectively. We did not find any risk factor of mortality or of reoperation. The follow-up was completed for all the patients. After a median follow-up time of 5.9 years (range from 0.1 to 15.6 years) 87 patients were in NYHA class I (72.5%), the echographic control showed no or minimal insufficiency in 89 patients (74.2%), mild insufficiency in eight patients (6.7%) and moderate insufficiency in nine patients (7.5%). CONCLUSIONS: Papillary muscle repositioning is a reliable and safe technique, with excellent clinical and echocardiographic long term results. Therefore we propose it as a gold standard to repair anterior leaflet prolapse.

Keywords