Revista Brasileira de Epidemiologia (Apr 2002)
Impacto das unidades básicas de saúde na duração do aleitamento materno exclusivo Impact of primary health care units' practice on the duration of exclusive breastfeeding
Abstract
A Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida. Foi realizado um estudo para verificar o impacto de um conjunto de procedimentos e estratégias efetivas de promoção, proteção e apoio à amamentação, realizadas no pré-natal e na pediatria de unidades básicas de saúde, sobre a amamentação exclusiva em bebês menores de 6 meses. Avaliou-se práticas como a realização de grupos de apoio à amamentação e visitas domiciliares, a informação sobre a importância do início precoce da amamentação, da livre demanda e sobre os riscos do uso de mamadeiras e chupetas, a orientação quanto à pega, posição, ordenha e contracepção, e o apoio emocional. Este conjunto de estratégias e procedimentos foi selecionado com base em uma revisão sistemática e gerou uma proposta de "Dez Passos para o Sucesso da Amamentação na Atenção Básica à Saúde" e uma metodologia de avaliação elaborada nos moldes da Iniciativa Hospital Amigo da Criança. Essa metodologia foi aplicada na avaliação de 24 unidades básicas de saúde do Estado do Rio de Janeiro. O desempenho foi considerado regular em 13 unidades e fraco em 11 unidades. Foi encontrada uma expectativa de duração do aleitamento materno exclusivo de 1,6 meses para os bebês menores de 6 meses assistidos pelo bloco de unidades de desempenho regular, e de 1,1 mês para os bebês acompanhados pelo bloco de desempenho fraco. Não foram encontradas diferenças significativas entre as características sociodemográficas das mulheres assistidas pelos 2 blocos. Concluímos que a implementação de uma Iniciativa de Promoção, Proteção e Apoio à Amamentação na Atenção Primária à Saúde contribui para intensificar a prática do aleitamento materno exclusivo entre os lactentes menores de 6 meses.The World Health Organization recommends exclusive breastfeeding up to 6 months of age. We conducted a study to verify the impact of an effective set of breastfeeding promotion, protection and support strategies and procedures, conducted during prenatal and pediatric care, on the prevalence of exclusive breastfeeding in the first 6 months of life. The strategies evaluated included breastfeeding support groups and home visits, while the procedures included information on the importance of early initiation, breastfeeding on demand, hazards of bottle-feeding and pacifiers to babies; guidance on positioning, attachment, breast milk expression and family planning; and providing emotional support. This set of strategies and procedures was derived from a systematic review and led to a proposal of "Ten steps to successful breastfeeding in Primary Health Care (PHC)". Based on the Baby-Friendly Hospital Initiative, an evaluation method was developed and applied in the assessment of 24 PHC units located in the State of Rio de Janeiro. Thirteen units showed a fair performance, while eleven showed a poor performance. Among infants below 6 months of age, exclusive breastfeeding expectancy was 1.6 months in units with a fair performance, and 1.1 months in units with a poor performance. No significant social or demographic differences were observed between women attending both performance categories. This study led us to conclude that the implementation of a Primary Health Care Initiative to promote, protect and support breastfeeding would contribute to intensify the practice of exclusive breastfeeding among babies under 6 months of age.
Keywords