Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
PERFIL SOROLÓGICO DE 497.699 DOADORES DE SANGUE DE 5 UNIDADES DE COLETA DO GRUPO GSH NOS ÚLTIMOS 5 ANOS: IMPACTO DA METODOLOGIA E DOS CRITÉRIOS DE TRIAGEM
Abstract
Introdução/objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil sorológico dos doadores de 5 unidades do grupo GSH, buscando diferenças entre as regiões, bem como alterações no perfil a partir de mudanças metodológicas na sorologia para sífilis em novembro de 2018 e alterações em critérios na triagem clínica em maio de 2020 com a liberação de doadores masculinos homoafetivos. Material e métodos: Estudo retrospectivo através de dados obtidos pelo sistema HemoProd e SISHemo, do número de doações de sangue e sorologias não negativas dos doadores das unidades do Grupo GSH: SERUM no Rio de Janeiro, Serviço de Hematologia e Hemoterapia de Ribeirão Preto (SHH)-SP, Serviço de Hematologia e Hemoterapia Alta Noroeste (SHHAN) Araçatuba-SP, Banco de sangue São Paulo (BSSP) – SP e Banco de Sangue Hemato, Recife–PE. Resultados: No período de janeiro de 2018 a dezembro de 2022 houveram 494699 doações de sangue nas 5 unidades de coleta do grupo GSH, sendo 59% do sexo masculino e 41% do sexo feminino, mantendo essa proporção anualmente. Do total de doações, 37% foram no BSSP, 18,47% no SERUM, 13,41% no SHH, 12,55% na Hemato, 10,55%) no SHHAN. A média de sorologias alteradas por ano foi de 1,6%, com um total de 8139 sorologias não negativas, sem variação significativa entre as unidades de coleta. A média de sorologias não negativas por marcador sorológico foi de 1,8% para Chagas, 3,8% para HIV, 48,7% para sífilis, 2,6% para HBsAg, 32,7% para AntiHBc, HCV 4,8% e HTLV 4,5%. Na análise anual, a única diferença foi na positividade para sífilis, que aumentou de 28,8% em 2018 para 61,1% em 2022, Em 2018, a alteração metodológica na sorologia para sífilis, do VDRL para o teste treponêmico, acarretou aumento no número de bloqueios a doação semelhante ao aumento de diagnósticos da doença na população em geral, que foi de 18243 casos em 2012 para 167523 em 2021 no Brasil. As alterações nos critérios de triagem clínica, pelo Ministério da Saúde, em maio 2020, quanto a liberação de doadores masculinos homoafetivos, não alterou a porcentagem de positividade de marcadores sorológicos no período analisado. Discussão: O resultado desse estudo, mostrou maioria dos doadores do sexo masculino e que liberação da doação por pessoas do sexo masculino homoafetivos não aumentou essa porcentagem, nem a de sorologias não negativas, comprovando que o antigo bloqueio para doadores homoafetivos não se justificava para garantir segurança transfusional e que a segurança se deve a outros critérios da triagem clínica, bem como efetividade das técnicas de detecção sorológicas das doenças avaliadas. Das sorologias avaliadas, as que apresentam maior positividade são: sífilis e AntiHBc, independente da unidade de coleta avaliada. O aumento de sorologias reativas para sífilis foi igual ao aumento de casos na população. Conclusão: Com esses resultados, podemos concluir que a diferença regional das unidades de coleta, que a alteração de critérios de inaptidão na triagem clínica e que a alteração na metodologia de triagem sorológica para sífilis, não acarretaram impacto no número de bloqueios de doação por sorologias não negativas, exceto o aumento significativo de positividade para sífilis, que ocorreu pelo número crescente de casos novos na população, justificando assim mais medidas educativas de controle e combate a essa doença.