Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

ESTUDO DE DESCONTINUAÇÃO DO TRATAMENTO DE INIBIDORES DE TIROSINA QUINASE EM PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA COM RESPOSTA MOLECULAR PROFUNDA SUSTENTADA APÓS FASE DE DESCALONAMENTO DE DOSE (DES-LMC) - RESULTADOS PRELIMINARES

  • BA Murbach,
  • GO Duarte,
  • MT Delamain,
  • GBD Amarante,
  • SS Medina,
  • FVP Souza,
  • J Vianna,
  • GC Pavan,
  • IM Toni,
  • BR Vergilio,
  • EV Paula,
  • CA Souza,
  • KBB Pagnano

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S131 – S132

Abstract

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Objetivos: Avaliar a efetividade e eficiência de um protocolo de descontinuação de inibidores de tirosina quinase (ITK) em tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) que incluiu uma fase de descalonamento de dose antes da interrupção do tratamento. Materiais e métodos: Estudo prospectivo, em andamento. Critérios de inclusão: LMC em fase crônica, em tratamento com ITK no mínimo há 3 anos, transcritos BCR-ABL típicos, com resposta molecular profunda (RMP) por 2 anos (MR4.5) Exclusão: fase avançada prévia ou atual, resistência prévia, mutações do ABL. Antes da suspensão do tratamento, foi realizado o descalonamento do ITK para 50% da dose atual por 6 meses. Durante a fase de descalonamento foi realizado monitoramento de PCR quantitativo para BCR-ABL (PCRq) mensal. Após a descontinuação do ITK o paciente foi seguido com avaliações clínicas, hemograma e PCRq a cada 4 semanas no primeiro semestre, a cada 2 meses no segundo semestre e no segundo ano e depois a cada 3 meses. A terapia foi reiniciada na perda de RMM (PCRq<0.1%). Resultados: Entre setembro de 2020 e julho de 2021 foram triados 213 pacientes com LMC; 28 eram potencialmente elegíveis: 9 não aceitaram participar; 19 assinaram o TCLE e um paciente teve falha de screening. A mediana de idade dos 18 participantes foi de 61.5 anos (35-86), 61% homens, 44.4% Sokal baixo risco ao diagnóstico, 15.1% intermediário/alto; 81% com transcrito BCR-ABL do tipo b3a2; 78% estavam em uso de Imatinibe,11% Dasatinibe,5.5% Nilotinibe e 5.5% Bosutinibe. A mediana da duração do tratamento com ITK até o início do descalonamento foi de 136 meses (46-201); a duração da RM 4.5 foi de 104, 5 meses (27-168); a mediana do tempo entre suspensão e perda de RMM foi de 2.5 meses (2-3). Oito pacientes perderam a RM4.5 durante a fase de descalonamento: destes, 2 perderam RMM, um na fase de descalonamento e outro na fase de descontinuação. Status atual: sete pacientes estão na fase de descontinuação, 8 na fase de descalonamento e 3 pacientes (16.6%) apresentaram recaída molecular. Não houve nenhum evento adverso sério. Dois pacientes tiveram Covid-19 (leve) na fase de descalonamento. Discussão: a descontinuação tem sido proposta como estratégia terapêutica na prática clínica nos pacientes com LMC com RM profunda sustentada. Nesses casos, a chance de sobrevida livre de remissão é de 50%. Poucos estudos avaliaram o efeito da retirada gradual do ITK antes da interrupção. No estudo DESTINY, o descalonamento foi feito por 12 meses, e a sobrevida livre de terapia aos 36 meses foi de 72% nos pacientes com RM4.0. Nos resultados preliminares do nosso estudo, ainda em recrutamento de pacientes, com 10 meses de seguimento, observamos que das 3 recaídas, uma delas ocorreu na fase de descalonamento, em um paciente em uso de nilotinibe em segunda linha e outra em um paciente na segunda tentativa de descontinuação, onde é esperado uma menor chance de sucesso. Conclusões: até o momento o protocolo mostrou-se seguro, com resultados dentro do esperado na literatura. O seguimento a longo prazo e inclusão de novos pacientes nos permitirá avaliar se a estratégia do descalonamento trará vantagem na sobrevida livre de terapia.