Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

DESAFIOS NO TRANSPORTE E INSTALAÇÃO DE UM IRRADIADOR DE SANGUE

  • P Fausto,
  • F Seara,
  • D Vieira,
  • M Martins,
  • B Lopes,
  • B Silva,
  • E Ferro

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S1254

Abstract

Read online

Objetivos: Apresentar os desafios associados ao transporte e à instalação de um equipamento de 1,8 toneladas, utilizado para a irradiação de sangue por meio de uma fonte de césio-137. O irradiador de sangue é projetado para expor bolsas com hemocomponentes à radiação gama emitida por césio-137, com o objetivo de reduzir o risco de reação transfusional. Materiais e métodos: Este estudo foi realizado através da análise de documentos e entrevistas com os envolvidos, mapeamento logístico, avaliações ambientais, estruturais e de movimentação (transporte e içamento). O irradiador de sangue foi transferido de Petrópolis/RJ para o município do Rio de Janeiro. Resultados: Embora o projeto de realocação do irradiador de sangue tenha atrasado 12 meses, com o orçamento estimado sendo dobrado e o estudo prévio para a adaptação do local de instalação revisado em várias ocasiões, a operação foi concluída com êxito. Esta modificação resultou em benefícios significativos para a logística e o processo de irradiação, proporcionando uma redução nos custos operacionais devido à melhoria na eficiência. Discussão: Devido ao peso e à presença de césio-137, foi necessário elaborar um “Plano Específico de Transporte” e submetê-lo à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Este plano autoriza transportadoras a realizar o transporte do material radioativo apenas para o trajeto e produto especificados. Considerando que não há transportadoras com capacidade para içamento de material radioativo e a necessidade de cumprir requisitos legais, foi necessário contratar uma transportadora licenciada para carga pesada e produtos de risco. A dificuldade em encontrar empresas com essas licenças resultou em custos de transporte superior ao previsto e atrasos no cronograma. Além disso, os desafios incluíram o envio de documentação e fotos, seguro de carga, motoristas com curso para Movimentação e Operação de Produtos Perigosos (MOPP) e escolta armada. Para a instalação do irradiador no novo local, a impossibilidade de içamento pelo elevador devido a restrições municipais e a recusa do condomínio quanto à alteração da fachada, que previa a substituição de uma janela por uma porta, levaram à decisão de realizar uma obra para remoção e reinstalação da janela. Constatou-se que o reforço estrutural previsto no projeto não estava implementado. Um engenheiro estrutural avaliou a situação e determinou a necessidade de vigas metálicas para suportar a carga. O reforço do piso e a obra na fachada aumentaram o orçamento inicial. Após a instalação, a CNEN realizou uma inspeção e determinou que, para autorizar a operação do irradiador de sangue, seriam necessárias medidas adicionais de segurança. Estas incluíam a instalação de sistemas de vigilância e controle de acesso, bem como barreiras físicas nas paredes para proteção contra invasões. A blindagem adicional da sala não foi exigida, pois o irradiador já proporciona proteção adequada. Conclusão: A internalização do processo de irradiação resultou em maior eficiência operacional. Entretanto, a falta de uma empresa especializada para o transporte e movimentação desse tipo de equipamento, bem como a ausência de referências bibliográficas práticas sobre o tema, levou à revisão do projeto e do orçamento. O relato apresentado neste estudo poderá servir como fonte de referência para futuras operações semelhantes.