Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

HIPERTENSÃO ARTERIAL PULMONAR SECUNDÁRIA A DASATINIBE - RELATO DE CASO

  • FC Domingos,
  • IAS Plentz,
  • BM Borges,
  • NS Castro,
  • IZ Gonçalves,
  • IA Siqueira,
  • MB Carneiro,
  • GF Colli

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S200

Abstract

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Objetivo: Relatar um caso de paciente com Hipertensão Arterial Pulmonar secundária a dasatinibe. Relato de caso: N. C. G., 24 anos, feminino, sem antecedentes pessoais, com diagnóstico de Leucemia Mieloide Crônica (LMC) Fase Crônica em fevereiro de 2018. Paciente iniciou tratamento com imatinibe 400 mg/dia. Apresentou perda de resposta molecular em abril de 2019 e iniciou dasatinibe 100 mg/dia, atingindo resposta molecular maior em julho de 2019. No início de junho de 2023, a paciente procurou o serviço com queixa de dispneia e dessaturação. Após avaliação, diagnosticado derrame pleural de grande volume à direita, cardiomegalia e BNP de 1300 pg/mL. Realizada toracocentese, suspenso dasatinibe e encaminhada para acompanhamento com cardiologista. Ecocardiograma evidenciou insuficiência mitral e tricúspide de grau discreto, pressão sistólica do ventrículo direito (PSVD) de 78 mmHg, compatível com diagnóstico de hipertensão de artéria pulmonar (HAP) secundária ao dasatinibe. Após 8 dias sem a medicação, realizou novo ecocardiograma com redução do PSVD para 48 mmHg. No momento, paciente assintomática, com dasatinibe suspenso e mantém resposta molecular maior. Aguarda realização de cateterismo para avaliação de HAP e início de terapia específica se necessário. Discussão: A HAP é uma disfunção endotelial com consequente remodelamento das artérias pulmonares, levando ao aumento da resistência vascular e insuficiência ventricular direita. Estudos mostraram que o mecanismo da HAP secundário ao dasatinibe é multifatorial com disfunção das células pulmonares endoteliais, ativação de espécies reativas de oxigênio (ROS) mitocondrial e aumento de marcadores de lesão endotelial, como E-selectina. A HAP secundária ao dasatinibe é mais frequente em mulheres, 71% dos casos. A descontinuação da medicação resulta na melhora ou reversibilidade da HAP sem a necessidade de tratamento específico. O mecanismo do derrame pleural, secundário ao dasatinibe, está relacionado ao aumento da permeabilidade endotelial, sendo também dose dependente. Conclusão: O dasatinibe, um inibidor de tirosina quinase de segunda geração, pode apresentar efeitos colaterais relacionados a alterações endoteliais, como derrame pleural e HAP, como no presente caso, com melhora após descontinuação do medicamento.