Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)
ID218 Medidas não farmacológicas no controle da dor e do estresse em recém-nascidos prematuros em UTIN: revisão sistemática e meta-análise em rede
Abstract
Introdução Todo ano nascem 15 milhões de prematuros no mundo, cerca de 1 milhão morre por complicações da prematuridade. Devido à imaturidade fisiológica, muitos prematuros necessitam de cuidados especializados na UTIN e são submetidos a procedimentos dolorosos e estressantes que podem aumentar a FR, FC, PA e taxa metabólica, causar hipoglicemia, diminuir a SpO2 e alterar a expressão facial (choro, sono e vigília). Intensivistas têm implementado estratégias de humanização no controle da dor durante procedimentos dolorosos, com medidas farmacológicas e não farmacológicas, incluindo toque terapêutico, posição funcional, sucção não nutritiva, entre outras. No entanto, as evidências sobre essas medidas são limitadas, com baixa confiança e não é clara qual é mais eficaz. Este estudo teve como objetivo estabelecer quais medidas não farmacológicas são mais efetivas no controle da dor e do estresse em prematuros na UTIN. Métodos Revisão sistemática com metanálise em rede de ensaios clínicos randomizados, publicados em inglês, português ou espanhol, com enfoque no prematuro em UTIN, comparando medidas farmacológicas e não farmacológicas para controle da dor e do estresse. A busca foi realizada nas bases de dados Medline/PubMed, Lilacs, Embase, Biblioteca Cochrane e PEDro, no período de abril/2020 a abril/2022, a partir de descritores encontrados no MeSH, definida por meio do acrônimo PICO(S): P (População) prematuro; I (Intervenção) medidas não farmacológicas para controle da dor e do estresse; C (Comparação) Analgesia sedativa ou nenhuma intervenção; O (Desfecho) Diminuição da dor e do estresse (desfecho primário), ganho de peso ou melhora nos parâmetros comportamentais (desfecho secundário) e S (desenho do estudo) ensaios clínicos randomizados. As ferramentas RoB2 e GRADE avaliaram a qualidade metodológicas e a qualidade da evidência e força da recomendação, respectivamente, dos artigos incluídos. Resultados Foram identificados 210 estudos. Após seleção, 12 artigos relacionados ao desfecho primário foram incluídos no estudo. As medidas usadas foram: sacarose ou glicose oral, batimento cardíaco ou música, odor/sabor do leite materno, sucção não nutritiva com chupeta, acupuntura magnética, contato pele a pele, contenção facilitada, saturação sensorial, fentanil e proparacaína. A metanálise incluiu 10 artigos. Foram agrupadas: “medidas com açúcares” (sacarose, glicose e dextrose); “terapias múltiplas” saturação sensorial (três ou mais medidas juntas) e “controle” (placebo, rotina padrão e incubadora). Terapias múltiplas foi a combinação odor/sabor do leite materno, batimentos cardíacos maternos e sucção não nutritiva com chupeta. A medida mais efetiva foi “terapias múltipla” (saturação sensorial), seguida de açúcar na chupeta e chupeta. O controle apresentou o pior resultado para esse desfecho. Discussão e conclusões Identificar medidas não farmacológicas efetivas para o controle da dor e do estresse em prematuros internados em UTIN agrega opções terapêuticas custo-efetivas, orienta a tomada de decisão baseada em evidências científicas e amplia o conhecimento no manejo da dor neonatal. O uso de medidas não farmacológicas tem crescido nas UTIN. A primeira recomendação brasileira para estimulação sensório-motora de RNs e lactentes em UTIN recomendou a saturação sensorial (estimulação multimodal) para reduzir a dor e o estresse ou melhorar o estado comportamental dos RNs com forte grau de certeza. O açúcar é uma das medidas mais utilizadas para acalmar e reduzir a dor no RN, inclusive na UTIN. Com moderada qualidade de evidência, recomenda-se fortemente que medidas não farmacológicas sejam consideradas para o manejo da dor e do estresse em prematuros na UTIN, em especial saturação sensorial e açúcares.
Keywords