Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

USO DE ANTI-PD1 E ANTI-PDL1 NO TRATAMENTO DA MICOSE FUNGOIDE RECIDIVANTE OU REFRATÁRIA

  • CASA Dalva,
  • JVA Duarte,
  • ALS Oliveira,
  • IR Cavalcante,
  • VBG Praxedes,
  • ALA Cunha,
  • LVM Fernandes,
  • NMP Lima,
  • ABTMD Santos,
  • FB Duarte

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S120

Abstract

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Introdução: Os linfomas cutâneos de células T (LCCT) são um grupo de linfomas não-Hodgkin (LNH) com tropismo sobretudo cutâneo, caracterizados por uma proliferação maligna principalmente de linfócitos T-CD4+. A micose fungoide (MF) é o subtipo mais comum de LCCT, e seu tratamento representa um desafio significativo devido a sua refratariedade. Atualmente, as opções terapêuticas incluem fototerapia, radioterapia local, interferon (INF)-α, retinoides, metotrexato, monoquimioterapia com doxorrubicinalipossomal ou gemcitabina, ou uma combinação dos dois, uma vez que cada paciente, diante da estratificação de risco, terá uma abordagem individualizada. Nesse contexto, faz-se necessário citar a imunoterapia, que é uma opção terapêutica emergente em pacientes que sofrem com a refratariedade da doença, com destaque para as drogas anti-PD1 e anti-PDL1. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, utilizando as bases SCIELO e PubMed com os descritores Anti-PD1e mycosisfungoides, com a análise de 7 artigos tendo comocritériosde inclusão trabalhos publicados a partir de 2014 e até 2021 em inglês e português. Resultados e discussão: A MF corresponde a 60% dos LCCT e a quase 50% de todos os linfomas cutâneos primários. Ela possui, em geral, caráter indolente, curso crônico com recidivas frequentes e difícil cura.Sua refratariedade e evolução para sítios extracutâneos, o que ocorre em 20 a 25% dos casos, modula o grau de agressividade da terapia e define se o manejo será cutâneo ou sistêmico. O PD1 (ProgrammedCell Death 1) é um receptor de superfície expresso em células T, B e apresentadoras de antígenos, e a expressão de seus ligantes, PDL1 e PDL2, tem sido frequentemente descrita em tumores sólidos agressivos. A superexpressão de PDL1 funciona como um importante mecanismo tumoral de escape imunológico, e os inibidores de PD1/PDL1 impedem o acoplamento entre ligante e receptor, permitindo que o sistema imune reconheça as células tumorais. Foram analisados 7 artigos referentes ao uso de anti-PD1 e anti-PDL1 na terapia oncológica e ao tratamento da MF refratária. Um ensaio clínico que avaliava a combinação de Brentuximabevedotina e Nivolumabe (anti-PD1) em pacientes com linfoma não-Hodgkin persistente ou recorrente demonstrou a remissão quase completa após alguns meses de terapia. Contudo, em um paciente com MF refratária, a terapêutica teve como resultado adicional o surgimento de placas psoriasiformes, sugerindo, além da já conhecida relação entre psoríase e MF, uma associação entre o tratamento anti-PD1 e manifestação de psoríase, que advém da regulação positiva da ação Th1/Th17 causada pela inibição dos checkpoints imunológicos. Um estudo de fase 1 concluiu que o uso de Nivolumab está associado a um desfecho favorável em pacientes com tipos variados de LNH, mas ainda há carência de dados claros demonstrando os potenciais efeitos adversos e a real expressão de PD1, PDL1 e PDL2 em células T malignas e benignas em casos de LCCT. Conclusão: A imunoterapia contra a interação do PD-1 e seus ligantes demonstraram resposta antitumoral em vários estudos envolvendo neoplasias hematológicas, mas ainda são escassos os trabalhos envolvendo terapias para MF refratária. Mais estudos controlados são necessários para avaliar a eficácia da terapia anti-PD1/PDL1 na remissão da doença, bem como os possíveis efeitos adversos da terapêutica no contexto da MF.