Alfa: Revista de Lingüística (Dec 2011)

Mudança de estrutura moraica do latim ao português

  • Evellyne Patrícia Figueiredo de Sousa Costa

Journal volume & issue
Vol. 55, no. 2

Abstract

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Este estudo tem como objetivo investigar a evolução da estrutura moraica do latim ao português. A língua latina apresenta distinção quantitativa vocálica e consonantal: (i) sílabas leves, portadoras de uma mora (<em><span style="text-decoration: underline;">e</span>.<span style="text-decoration: underline;">le</span>.men.tum</em>); (ii) sílabas pesadas, portadoras de duas moras (<em><span style="text-decoration: underline;">bul</span>.ga</em>); (iii) sílabas superpesadas, portadoras de três moras segundo a nossa proposta (<em><span style="text-decoration: underline;">paul</span>.lum</em>). Diacronicamente, há a perda da distintividade quantitativa dentre as vogais e, na passagem às línguas neorromânicas, a estrutura moraica tem seus efeitos. Diante desse cenário e a partir dos pressupostos da Teoria Moraica de Hayes (1989), investigamos os efeitos dessa mudança através de processos fonológicos envolvidos, tais como ditongação e monotongação. A Teoria Moraica busca caracterizar de que modo as línguas atribuem estrutura moraica e que princípios atuam nessas línguas. Hayes (1989) define mora como uma unidade de peso do <em>tier </em>prosódico que caracteriza o contraste entre sílabas longas e breves, além de contar como uma posição fonológica (segmento longo é representado como duplamente ligado). Propomos que as escolhas feitas pela língua portuguesa, tais como ditongação e monotongação, para lidar com a estrutura moraica latina já estão disponíveis em latim vulgar e que princípios como <em>Stray Erasure </em>e <em>Parasitic Delinking</em>, relacionados com Licenciamento Prosódico atuam na referida mudança.

Keywords