Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA PÓS-TRANSPLANTE TIPO LINFOMA DE HODGKIN – RELATO DE CASO

  • NH Dias,
  • GLF Bazurto,
  • PA Guazzelli,
  • DH Catelli,
  • AA Paz

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S323

Abstract

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Introdução: A Doença Linfoproliferativa pós-Transplante (PTLD) tipo linfoma de Hodgkin clássico é a forma menos comum de PTLD. Objetivos: Expor a evolução clínica de um paciente transplantado renal com esta rara patologia. Materiais e métodos: Revisão de prontuário e pesquisa de revisão de literatura nas bases PubMed e LILACS. Relato de caso: Paciente masculino de 41 anos, hipertenso e diabético, transplantado renal por doença desconhecida de doador falecido há 16 anos, procura atendimento por tosse seca e febre de 38ºC intermitente há 6 meses, sem perda de peso ou sudorese noturna. Foram realizadas tomografias, que identificaram áreas de atenuação em vidro fosco nos lobos superiores; nódulos pulmonares bilaterais, sendo o maior de 1,6 cm; lesões escleróticas em corpos vertebrais e na bacia; linfonodos mediastinais, axilares e inguinais de até 1,6 cm no menor eixo; baço de 12,5 cm e enxerto renal com 14,2 cm de comprimento (média 12,5 cm em tomografia prévia). Devido aos achados pulmonares, realizou lavado broncoalveolar com biópsia do nódulo pulmonar e com pesquisa de infecção por bactérias, fungos, micobactérias e Pneumocystis jirovecii. Não foram evidenciados microorganismos no lavado. Apresentava sorologia negativa para Epstein-Barr vírus. A biópsia pulmonar evidenciou linfoma de Hodgkin clássico infiltrando o parênquima pulmonar. Devido ao aumento do enxerto renal e à lesão renal aguda, foi realizada biópsia renal, que apresentou imuno-histoquímica compatível com distúrbio linfoproliferativo pós-transplante do tipo linfoma de Hodgkin subtipo celularidade mista. Foi também realizada biópsia excisional de linfonodo inguinal que evidenciou linfoma de Hodgkin clássico. Paciente evoluiu com pancitopenia, febre diária, ferritina de até 140 mil e presença de histiócitos em hemofagocitose no medulograma, com diagnóstico de síndrome hemofagocítica secundária ao linfoma. Avaliação da medula óssea identificou infiltração neoplásica. Logo após o diagnóstico, foi optado por iniciar pulsoterapia com dexametasona endovenosa; entretanto, um dia após, com 46 mil plaquetas, evoluiu com hematoma subdural com desvio de linha média de 0,7 cm e hemorragia alveolar, necessitando de suporte ventilatório invasivo. O paciente faleceu por disfunção de múltiplos órgãos. Discussão: Nosso caso ilustra uma apresentação rara de PTLD e linfoma de Hodgkin em um paciente transplantado há mais de 10 anos. Constitui um tipo de linfoma de curso mais agressivo e com aumento do envolvimento extranodal. Possui incidência cumulativa em 10 anos de 1,6%. Há uma associação entre a localização do transplante e a distribuição do linfoma, não sendo incomum o linfoma se localizar no enxerto renal e evoluir com disfunção do enxerto. Conclusão: Este relato destaca o risco contínuo de linfoma com o tempo pós-transplante e o prognóstico desfavorável do linfoma pós-transplante.