Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Jan 2023)

Modelos para previsão de demanda: resultados preliminares da programação automatizada no Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica (HÓRUS)

  • Ivan Ricardo Zimmermann,
  • Ricardo Ronsoni,
  • Anne Caroline Oliveira Bernarde,
  • Heber Dobis Bernarde

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2018.v3.s1.p.60
Journal volume & issue
Vol. 3, no. s.1

Abstract

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Introdução: Atrelado a fatores como a transição epidemiológica e demográfica, o SUS já lida com os dilemas do paradigma dos impactos das doenças crônicas não-transmissíveis e o consequente aumento dos gastos em saúde. Com quase R$ 7 bilhões em 2016, o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) é a ação com o maior orçamento na assistência farmacêutica no Ministério da saúde. Nesse sentido, com o objetivo de estimar de forma mais precisa a necessidade de medicamentos de aquisição centralizada, o Ministério da Saúde tem adotado modelos preditivos em seu planejamento em saúde. Objetivos: Descrever a experiência e estimar o impacto orçamentário preliminar da adoção de modelos preditivos na programação de distribuição de medicamentos de aquisição centralizada do CEAF pelo Ministério da Saúde. Métodos: A partir do registro da série histórica de quantitativos dispensados no Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica (Hórus) por medicamento e estado, aplicou-se o método ARIMA para prever o consumo em intervalos trimestrais dos medicamentos de compra centralizada do CEAF. No projeto piloto realizado com o Distrito Federal nos anos de 2015 e 2016, o modelo teve os seus intervalos de confiança sistematicamente ajustados aos níveis de precisão que abarcariam a demanda real de forma mais acurada (nível de confiança unicaudal de 60%). Após, a programação automatizada foi ampliada aos demais estados brasileiros que fazem uso do sistema Hórus. Com os resultados de distribuição de medicamentos do primeiro trimestre de 2018, foram consolidadas as diferenças entre o quantitativo potencialmente previsto pelo método do consumo médio mensal (CMM), classicamente adotado pelo Ministério da Saúde, e pelo método ARIMA, obtendo-se a estimativa de impacto econômico do modelo. Resultados: Em apenas três meses de experiência, o método ARIMA consistentemente previu uma necessidade menor de medicamentos que o método do CMM, tendo sido observada uma diferença total e aproximadamente R$ 20 milhões. Esse valor é interpretado como economia, dado que reflete o quantitativo que deixou de ser enviado aos estados, sem necessidade de complementação de estoques. Ou seja, a distribuição de medicamentos a partir das previsões do modelo ARIMA, apesar de consideravelmente menor que o previsto pelos valores de CMM, foi suficiente para atender a demanda dos estados. Ressalta-se que os resultados se referem estritamente ao elenco de medicamentos de aquisição centralizada do CEAF. Apesar de prevista, esta análise ainda não considera a ampliação do modelo para os demais elencos de medicamentos disponíveis no SUS e todos os usuários do sistema Hórus. Conclusão: No atual cenário de escassez de recursos e aumento da carga das doenças crônicas para os sistemas de saúde, é cada vez mais inerente às atividades da gestão em saúde a busca pela eficiência na alocação de recursos desde seu planejamento ao monitoramento e avaliação de seus resultados. Com a evolução das aplicações em análise de dados, é quase inestimável o ganho para a Administração Pública com o melhor planejamento de uso dos recursos públicos.