A Cor das Letras (Feb 2017)

DA PROSA POÉTICA À CINEPLÁSTICA: UMA ANÁLISE DE À DERIVA (EN RADE, 1927), DE ALBERTO CAVALCANTI

  • Fernanda Aguiar Carneiro Martins

DOI
https://doi.org/10.13102/cl.v11i1.1508
Journal volume & issue
Vol. 11, no. 1
pp. 161 – 176

Abstract

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Quando Alberto Cavalcanti se lançou no seu terceiro filme, À deriva (En rade, 1927), estava mais uma vez desejoso de se consagrar à recriação de uma obra literária. Curiosamente, ele se interessa pela novela A partida do Valdívia (Le départ du Valdivia) do amigo e ator Philippe Hériat, esse escrito estando ainda em estado de manuscrito, sua primeira edição aparece apenas em 1933. É graças a seu viés poético e intimista, ideal para abordar a vida dos seres situados num lugar de trânsito, o porto e suas imediações, de onde partem os sonhos dos homens, que esse texto literário apaixona o cineasta. Eis uma das razões que explica o fato de que À deriva, obra-chave da filmo-grafia cavalcantiana, tenha ficado, para sempre, aclamado pelos críticos e historiadores. Nele, descobrimos um cinema de pesquisa, em avanço em seu tempo, que os vanguardistas põem em prática ao longo dos anos 1920.