Hansenologia Internationalis (Nov 2002)
Paciente com reação tipo I e tipo II e dez anos de seguimento
Abstract
Relata-se o caso de um indivíduo do sexo masculino, de 52 anos de idade, que desde 20 anos atrás vinha apresentando sinais e sintomas de hanseníase multibacilar, mas só procurou tratamento após 5 anos, quando apresentava manifestações de Eritema Nodoso Hansênico (ENH - Reação tipo 1) inclusive com comprometimento articular. Instalado o tratamento (PQT/MB) o paciente passou a apresentar episódios de ENH, que se continuaram após a alta medicamentosa alternando-se ou em concomitância com episódios de reação tipo 1 (reação reversa) o que o definiu como um dimorfo. Assim permaneceu quase 10 anos, tendo apresentado, por a l g um t emp o , e s p l en ome ga l i a e s i na i s d e hiperesplenismo. Só melhorou, quando a detecção de bacilos viáveis levou à reinstalação da PQT. A discussão do caso ressalta alguns aspectos interessantes desta evolução: 1) a demora no diagnóstico leva pacientes dimorfos a adquirirem características virchovianas com rica baciloscopia (virchovianos sub-polares); 2) estes pacientes tem maior possibilidade de albergarem bacilos persistentes que eventualmente se multiplicam e estimulam reações tipo 1; 3) a alternância de reações tipo 1 e tipo 2 pode indicar a participação da imunidade celular no desencadeamento do ENH, onde a reação granulomatosa romperia os infiltrados específicos regressivos, expondo antígenos intracelulares. Frente ao estado de hipersensibilidade humoral, haveria deposição de complexos imunes e desencadeamento de reação inflamatória aguda; 4) a alta da PQT não significa cura da hanseníase.
Keywords