Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
COINFECÇÃO EM PACIENTES DOADORES DE SANGUE DO ESTADO DE SERGIPE NOS ÚLTIMOS 5 ANOS
Abstract
Objetivo: Analisar a prevalência e os padrões de coinfecção em doadores de sangue do estado de Sergipe, para aprimorar as práticas de triagem e promover a segurança transfusional na região. Materiais e métodos: Trata-se de uma pesquisa transversal descritiva, referente aos anos de 2019 a 2023 com dados coletados no HEMOSE. A análise consistiu na quantificação das infecções relacionadas à Sífilis, HIV, Hepatite B, Hepatite C, Chagas e HTLV e a triagem dos dados para verificar quais apresentavam coinfecção. Resultados: No período analisado tivemos 124.344 doações de sangue, dentre estas doações, 759 apresentaram alguma sorologia positiva, e destas amostras positivas 4,7% (365) tinham algum tipo de coinfecção. O ano de 2019 apresentou taxa de 0,83% (215), sendo o ano com a maior taxa de coinfecção, 2020 teve uma taxa de coinfecção de 0,2%, 2021 teve de 0,15%, 2022 teve de 0,14% e 2023 teve de 0,11%. O ano de 2023 teve o maior número de doações (27.528) e menor taxa de coinfecções. As três coinfecções mais prevalentes no período foram Hepatite B+Sífilis (44,9%) com 164 dos casos de coinfecções, seguido da Hepatite B+HIV com 33 casos (9%) e Sífilis+HIV com 20 casos (5,5%). Foram relatadas 48 triplas coinfecções, ocorrendo 89,5% no ano de 2019, sendo a mais prevalente Hepatite B+Sífilis+HIV com 18 casos (4,9% das coinfecções). A média de idade dos doadores com coinfecção foi de 39,5 anos e o sexo masculino representou 60,2% (220) dos resultados e o sexo feminino 39,8% (145). A coinfecção Hepatite B+Sífilis, a mais prevalente, obteve a maior média de idade que foi de 44 anos. Discussão: A maior prevalência de coinfecção foi observada na população masculina, o que também foi visto em outros estudos da temática, como Junior & Crispim (2023). Isso pode estar relacionado ao fato de 67,25% dos nossos doadores serem do sexo masculino, pelo maior uso de drogas injetáveis, promiscuidade e relações desprotegidas nesta população. Quando a prevalência ao longo do tempo nota-se uma redução na taxa de coinfecções, o que pode revelar um maior cuidado no processo de triagem e da população quanto a presença de doenças infecciosas. Já quanto aos tipos de coinfecções, há poucos estudos que retratam esse cenário de doação, no entanto, os resultados obtidos mostram-se semelhantes com dados de infecção presente em outros trabalhos que se avaliaram uma única infecção, como o estudo de Teles et. al. (2022). Conclusão: A coinfecção mais recorrente foi hepatite B e sífilis e o ano de 2019 foi o com maior prevalência com redução ao longo dos anos. Diante disso, mesmo havendo uma redução da taxa de coinfecções, compreende-se a importância de continuar com as práticas de campanha e triagem rigorosas para assegurar a segurança das transfusões sanguíneas no estado.