Revista Portuguesa de Cardiologia (Feb 2018)

Revascularização multivaso versus revascularização da artéria culprit em pacientes com síndrome coronária aguda sem supradesnivelamento do segmento ST e doença coronária multivaso

  • César Correia,
  • Carlos Galvão Braga,
  • Juliana Martins,
  • Carina Arantes,
  • Glória Abreu,
  • Catarina Quina,
  • Alberto Salgado,
  • Miguel Álvares Pereira,
  • João Costa,
  • Jorge Marques

Journal volume & issue
Vol. 37, no. 2
pp. 143 – 154

Abstract

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Resumo: Introdução: Atualmente, não existem estudos prospetivos aleatorizados que permitam definir a estratégia de revascularização ideal quanto ao tipo e timing da sua realização, em doentes com síndrome coronária aguda (SCA) sem supradesnivelamento do segmento ST (SCAsSST) e doença coronária multivaso (DCMV). Objetivos: Comparar os eventos adversos a curto e a longo prazo da revascularização multivaso versus revascularização apenas da artéria culprit em doentes com SCAsSST e DCMV. Métodos: Este estudo observacional retrospetivo incluiu todos os doentes com SCAsSST e DCMV submetidos a intervenção coronária percutânea (ICP), entre janeiro de 2010 e junho de 2013 (n = 232). Após exclusão dos doentes com história de cirurgia de revascularização miocárdica (n = 30), a estratégia de revascularização multivaso foi adotada em 35,1% (n = 71) dos doentes; nos restantes 64,9% (n = 131) procedeu‐se à revascularização apenas da artéria culprit. Após propensity score matching (PSM), obtiveram‐se dois grupos de 66 doentes, emparelhados de acordo com a estratégia de revascularização. Resultados: Durante o seguimento (1543 ± 545 dias), após PSM, os pacientes submetidos a revascularização multivaso tiveram menores taxas de reenfarte (4,5 versus 16,7%; log‐rank p = 0,018), revascularização não planeada (RVNP; 6,1 versus 16,7%; log‐rank p = 0,048), ICP não planeada (3,0 versus 13,6%; log‐rank p = 0,023) e do endpoint combinado de morte, reenfarte e RVNP (16,7 versus 31,8%; log‐rank p = 0,046). Conclusão: Nesta população de pacientes do mundo real com SCAsSST e DCMV, a revascularização multivaso associou‐se a menores taxas de reenfarte, RVNP e ICP não planeada, bem como a uma redução do endpoint combinado de morte, reenfarte e RVNP. Abstract: Introduction: There have been no prospective randomized trials that enable the best strategy and timing to be determined for revascularization in patients with non‐ST‐segment elevation acute coronary syndrome (NSTE‐ACS) and multivessel coronary artery disease (CAD). Objectives: To compare short‐ and long‐term adverse events following multivessel vs. culprit‐only revascularization in patients with NSTE‐ACS and multivessel CAD. Methods: This was a retrospective observational study that included all patients diagnosed with NSTE‐ACS and multivessel CAD who underwent percutaneous coronary intervention (PCI) between January 2010 and June 2013 (n = 232). After exclusion of patients with previous coronary artery bypass grafting (n = 30), a multivessel revascularization strategy was adopted in 35.1% of patients (n = 71); in the others (n = 131, 64.9%), only the culprit artery was revascularized. After propensity score matching (PSM), two groups of 66 patients were obtained, matched according to revascularization strategy. Results: During follow‐up (1543 ± 545 days), after PSM, patients undergoing multivessel revascularization had lower rates of reinfarction (4.5% vs. 16.7%; log‐rank p = 0.018), unplanned revascularization (6.1% vs. 16.7%; log‐rank p = 0.048), unplanned PCI (3.0% vs. 13.6%; log‐rank p = 0.023) and the combined endpoint of death, reinfarction and unplanned revascularization (16.7 vs. 31.8%; log‐rank p = 0.046). Conclusions: In real‐world patients presenting with NSTE‐ACS and multivessel CAD, a multivessel revascularization strategy was associated with lower rates of reinfarction, unplanned revascularization and unplanned PCI, as well as a reduction in the combined endpoint of death, reinfarction and unplanned revascularization. Palavras‐chave: Síndrome coronária aguda sem supradesnivelamento do segmento ST, Doença coronária multivaso, Revascularização multivaso, Propensity score matching, Keywords: Non‐ST‐segment elevation acute coronary syndrome, Multivessel coronary disease, Multivessel revascularization, Propensity score matching