Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)

Eixo – Cuidado. Estudo de utilização de opioides no manejo da dor de pacientes adultos internados numa enfermaria de Clínica Médica: dados preliminares

  • Ivellise Costa de Sousa,
  • Priscila Moreira Lauton,
  • Bartyra Almeida de Lima Leite

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2022.v1.s2.p.40
Journal volume & issue
Vol. 1, no. s.2

Abstract

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Introdução: Opioides são os medicamentos mais comumente envolvidos em mortes por overdose. Seu consumo é medido pelo International Narcotics Control Board, órgão da OMS. O consumo de opioide em países da América Latina, assim como no Brasil, é muito menor do que em países desenvolvidos. Isso explica, em parte, a baixa taxa de satisfação dos pacientes brasileiros no manejo da dor crônica. Os opioides são uma importante alternativa terapêutica para tratamento efetivo dos quadros de dor e melhoria da qualidade de vida de pacientes. No entanto, o receio quanto ao perfil de segurança, risco de adicção e dificuldade em titular a dose efetiva podem contribuir para resistência em sua prescrição. Esse cenário é favorável à atuação farmacêutica no intuito de promover analgesia otimizada e segura. Objetivos: Identificar e caracterizar o padrão de prescrição de opioides para manejo de dor de pacientes adultos internados numa enfermaria de clínica médica de um hospital do nordeste do Brasil e descrever intervenções farmacêuticas realizadas, quando pertinentes. Método: Estudo de utilização de opioides, de característica descritiva e transversal. O estudo dá-se em duas fases, sendo a primeira observacional, na qual, a primeira prescrição contendo opioide para manejo de dor será utilizada para identificação do padrão de prescrição do opioide e seus adjuvantes. Na fase 2, modificações na terapia, se apropriadas, serão sugeridas, considerando a escada analgésica da OMS, no intuito de otimizar o manejo álgico. Resultados preliminares: Dez pacientes tiveram sua terapia avaliada, até o momento, estando 2 sob cuidados paliativos. Escala de dor não foi aplicada em apenas 1 paciente. Quatro pacientes relataram dor moderada e 5, dor grave. O opioide mais prescrito foi Morfina (4/10) e a Dipirona o adjuvante mais frequente (8/10). O opioide estava prescrito em dose e frequência corretas em apenas 50% dos casos; dose de resgate não estava prescrita ou estava de forma inadequada em 30% dos casos. Vinte e cinco intervenções farmacêuticas foram necessárias, sendo as principais: aumento de dose (16%) ou frequência de uso (12%) do opioide, iniciar opioide ou sistematizar seu uso (12%), substituição de opioide fraco por forte (16%) e otimização de terapia adjuvante (20%). O opioide mais sugerido para introdução ou modificação foi a Morfina (3), seguida de Metadona (1) e Codeína (1). O adjuvante mais recomendado foi a Gabapentina. Conclusão: Os dados preliminares sugerem que boa parte das prescrições de opioides na enfermaria estudada possui oportunidades de melhorias para otimização da analgesia. Os tipos de intervenção farmacêutica relatadas demonstram prescrição dos opioides de forma sub-ótima. Conhecer o padrão de prescrição de opioides na instituição é necessário para que o manejo de dor possa ser otimizado através da elaboração ou implementação de protocolos institucionais e treinamento das equipes assistenciais.