Acta Médica Portuguesa (Nov 2016)

Neurodesenvolvimento de Grandes Prematuros ou Recém-Nascidos com Muito Baixo Peso: Comparação de Gémeos Monocoriónicos e Bicoriónicos com Recém-Nascidos de Gestação Unifetal

  • Adelaide Taborda,
  • Guiomar Oliveira

DOI
https://doi.org/10.20344/amp.7079
Journal volume & issue
Vol. 29, no. 11

Abstract

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Introdução: Estudos evidenciaram maior taxa de alterações do neurodesenvolvimento nos gémeos em relação aos recém-nascidos de gestação unifetal. O objetivo deste trabalho foi comparar alterações do neurodesenvolvimento em gémeos (monocoriónicos e bicoriónicos) grandes prematuros ou de muito baixo peso ao nascer, com recém-nascidos de gestação unifetal. Material e Métodos: Estudo retrospetivo de uma coorte de recém-nascidos com idade gestacional inferior a 32 semanas ou peso de nascimento inferior a 1500 g, internados na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, numa maternidade de apoio perinatal diferenciado da Região Centro de Portugal, no período de 2006 a 2010. A avaliação do neurodesenvolvimento foi realizada aos 24 meses, com a escala de Growing Skills II. No diagnóstico de paralisia cerebral usou-se a classificação internacional de Surveillance of Cerebral Palsy in Europe. Foram comparados recém-nascidos de gestação unifetal com recém-nascidos de gravidez múltipla e com os subgrupos: monocoriónicos e bicoriónicos. Análise estatística pelo SPSS versão 20.0. Foi aplicado um modelo de regressão logística. Resultados: Foram avaliados 194 recém-nascidos do grupo gestação unifetal e 89 gémeos - 50 bicoriónicos e 39 monocoriónicos. Os gémeos monocoriónicos apresentaram maior risco, em relação ao grupo de gestação unifetal, de alterações moderadas a graves do neurodesenvolvimento global (OR ajustado 3,6) e nas subáreas: locomoção (OR ajustado 12,2) linguagem (OR ajustado 6,5) e autonomia (OR ajustado 7,2). A paralisia cerebral foi diagnosticada em 15,4% dos gémeos monocoriónicos e 4,1% de gestação unifetal (OR ajustado 4,2). Discussão: Este trabalho evidenciou taxa superior de alterações moderadas a graves do neurodesenvolvimento, incluindo a paralisia cerebral nos gémeos monocoriónicos em relação ao grupo de gestação unifetal. A análise por grupos estratificados em relação à idade gestacional e a comparação de monocoriónicos com bicoriónicos alertou para o papel da corionicidade na base destas sequelas. Conclusão: Podemos concluir que os gémeos monocoriónicos apresentaram, na população estudada, um risco significativo de sequelas moderadas a graves do neurodesenvolvimento.

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