Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Jun 2005)

Fatores de risco para doença trofoblástica gestacional persistente Risk factors for persistent gestational trophoblastic disease

  • Daniel Guimarães Tiezzi,
  • Jurandyr Moreira de Andrade,
  • Francisco José Candido dos Reis,
  • Wellington Lombardi,
  • Heitor Ricardo Cosiski Marana

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-72032005000600007
Journal volume & issue
Vol. 27, no. 6
pp. 331 – 339

Abstract

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OBJETIVOS: avaliar o impacto dos fatores de riscos na evolução para doença trofoblástica gestacional persistente (DTGP) e selecionar grupos de pacientes para seguimento intensivo e os que poderiam se beneficiar de quimioterapia profilática. MÉTODOS: foram incluídas prospectivamente 214 pacientes com diagnóstico de mola hidatiforme completa (MHC) submetidas a esvaziamento uterino no período de 1980 a 2001. Todas as pacientes foram seguidas semanalmente com avaliação clínica e dosagem de bHCG. Consideramos como DTGP as pacientes que necessitaram tratamento adicional além do esvaziamento uterino para a resolução do caso. Foram analisados parâmetros epidemiológicos (idade, antecedentes obstétricos, raça e tipagem sanguínea) bem como indicadores de volume e agressividade da doença (volume uterino, presença de cistos teca-luteínicos e dosagem sérica de betaHCG). Os diversos fatores de risco foram avaliados isoladamente e em conjunto, sendo o risco expresso em odds ratio (OR). RESULTADOS: dentre os fatores epidemiológicos e características pessoais apenas a ausência do fator Rh foi significante (com OR de 2,3). Todos os sinais indicativos de hiperplasia do trofoblasto, representados pela altura uterina maior que a esperada para a idade gestacional, o volume uterino estimado pela ultra-sonografia, a presença de cistos teca-luteínicos e a dosagem sérica elevada de bHCG, estiveram associados ao risco de DTGP. A presença de pelo menos um destes achados mostrou sensibilidade de 82% e valor preditivo positivo de 35,1% (OR 4,8). A regressão logística identificou os parâmetros altura uterina maior que o esperado para a idade gestacional e os níveis séricos de betaHCG como fatores de risco para DTGP com OR de 4,1 e 5,5, respectivamente. CONCLUSÕES: os sinais de hiperplasia do trofoblasto apresentam boa sensibilidade na predição de DTGP, no entanto o baixo valor preditivo positivo impede que se empreguem estes fatores para selecionar pacientes que não necessitariam de seguimento na forma realizada atualmente e impede também a seleção com precisão de casos com indicação de quimioterapia profilática.PURPOSE: to evaluate the epidemiologic data and signs of trophoblastic hyperplasia in patients with complete hydatidiform mole (CHM) and to estimate the risk associated with the persistence of the disease. METHODS:: we evaluated 214 patients with CHM submitted to uterine evacuation between 1980 and 2001. The patients were included prospectively. All patients were followed until negative bHCG with weekly clinical evaluation and bHCG quantification. We considered persistence when the patient needed another treatment after uterine evacuation. The risk factors for persistence were evaluated through univariate and multivariate analysis, and the odds ratio (OR) was calculated for each one. RESULTS: among the epidemiologic factors, only negative Rh was significant (OR=2.28). All signs of trophoblastic hyperplasia, represented by uterine size larger than expected, sonographic uterine volume, tecaluteinic cysts, and betaHCG higher than 10(5) were associated with risk for the presistence of the disease. The presence of at least one sign of trophoblastic hyperplasia showed sensitivity of 82% and predictive positive value of 35.1% (OR=4.8). The logistic regression identified larger uterine size than expected and bHCG higher than 10(5) as risk factors for persistence of the gestational trophoblastic disease (OR=4.1 and 5.5, respectively). CONCLUSIONS: the signs of trophoblastic hyperplasia showed good sensitivity to predict persistence of the disease; however, the low predictive positive value does not allow using these criteria to change treatment. It is very important to reinforce the importance of serial betaHCG quantification in these high-risk patients.

Keywords