Kínesis (Nov 2021)
AS RUPTURAS EPISTEMOLÓGICAS NAS CIÊNCIAS DA VIDA SEGUNDO A ARQUEOLOGIA DE MICHEL FOUCAULT
Abstract
Este artigo busca expor a compreensão da ruptura ou descontinuidade epistemológica explanadas pelo filósofo francês Michel Foucault em sua obra As palavras e as coisas. A partir de seu método, denominado Arqueologia do saber, o autor tenta evidenciar que a distinção entre a História Natural dos séculos XVII e XVIII, ciência que visava classificar animais e plantas em espécies, gênero e outras categorias, a partir de características físicas externas dos organismos, e a biologia que surge no final do século XVIII caracterizada como o estudo da vida, tendo em conta as funções dos órgãos internos e a relação entre os organismos e os seus habitats, como eles se alimentam, como respiram etc. Como veremos ao longo do texto, a ruptura epistemológica causada pelo surgimento do microscópio e pelas primeiras dissecações do biólogo Georges Cuvier não apenas deu início à biologia, mas também forneceu a condição de possibilidade de emergir a compreensão evolutiva na segundo metade do século XIX. Ao dissecar organismos, Cuvier não apenas teria quebrado a barreira epistemológica intransponível da epiderme dos seres vivos, mas também pavimentado o caminho para Charles Darwin e Alfred Wallace conceberem a noção da evolução das espécies algum tempo depois.
Keywords