Cadernos de Saúde Pública (Aug 2023)
Prevalência de uso de álcool na gestação, Brasil, 2011-2012
Abstract
Resumo: Estudo transversal, de base hospitalar, nacional, com entrevista de 23.894 puérperas, em 2011-2012, com os objetivos de estimar a prevalência de consumo de álcool na gestação e identificar grupos mais vulneráveis. O uso de álcool na gestação foi identificado por meio da escala TWEAK, sendo classificadas como “diagnóstico presumível de uso inadequado de álcool” mulheres com pontuação ≥ 2. Calculou-se a prevalência nacional de uso de álcool e em subgrupos de acordo com características maternas, com respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%). Foram encontradas, de forma gráfica, coexistência de tabagismo, inadequação de consultas pré-natais e ingestão de bebidas alcoólicas na gestação. A prevalência de uso de álcool foi de 14% (IC95%: 13,3-14,7), com 10% (IC95%: 9,3-10,6) das mulheres apresentando diagnóstico presumível de uso inadequado de álcool na gestação. Maiores prevalências de uso de álcool e de diagnóstico presumível de uso inadequado foram observadas em mulheres pretas, com 12-19 anos de idade, com menor índice de escolaridade, de classe econômica mais baixa, sem companheiro, sem trabalho remunerado, com mais de três partos anteriores, que não queriam engravidar, com assistência pré-natal inadequada, com parto em serviços públicos e que referiram tabagismo na gestação. Estima-se que 1,2% das mulheres entrevistadas apresentavam concomitância dos três fatores de risco para desfechos perinatais negativos: fumo, álcool e assistência pré-natal inadequada. Os resultados demonstraram alta prevalência de uso de álcool na gestação e de diagnóstico presumível de uso inadequado, principalmente por mulheres em situação de vulnerabilidade social. São relevantes a elaboração de políticas públicas que contemplem ações de prevenção do uso de bebidas alcoólicas e a prestação de serviços de apoio para cessação do uso de álcool na gravidez.
Keywords