Cadernos de Saúde Pública (Jan 2000)
A epilepsia, o epiléptico e o trabalho: relações conflitantes Epilepsy, epileptics, and work: conflicting relations
Abstract
A inserção dos portadores de epilepsia no trabalho vem condicionada por um conjunto de fatores interrelacionados referentes à epilepsia, ao indivíduo epiléptico e aos códigos culturais implícitos na sociedade. A fim de analisar essa inserção conflitiva, que interfere decisivamente na qualidade de vida do epiléptico, realizou-se uma investigação com 339 pacientes do Hospital Universitário da Universidade Federal Fluminense. Aplicaram-se questionários incluindo: nível educacional, qualificação profissional, situação de emprego, freqüência e tipo de crise, duração, fenômenos associados e formas de discriminação. Constata-se que o controle das crises é fator decisivo para o ingresso e permanência no mercado de trabalho. Todos os pacientes com crises diárias e 9,3% daqueles com crises semanais nunca exerceram atividade regular remunerada. Intervir nesse quadro supõe: a implementação de programas terapêuticos multiprofissionais e intersetoriais, uma legislação que proteja os direitos do epiléptico e um amplo investimento no sentido de desmistificar a epilepsia.Participation in the workplace by people with epilepsy is conditioned by various interrelated issues concerning epilepsy itself, the epileptic individual, and society's implicit cultural codes. In order to analyze how such conflictive participation interferes decisively in the quality of life of people with epilepsy, a survey was conducted with 339 patients at the University Hospital of Universidade Federal Fluminense. Patients answered questionnaires including level of schooling, professional qualifications, employment situation, frequency, type, and duration of seizures, associated phenomena, and prejudice towards epilepsy. We observed that satisfactory management of seizures is decisive for their success at work. All patients with daily seizures and 9.3% of those with weekly seizures had never been employed. We conclude that any intervention in this context must include the implementation of multiprofessional and intersectorial therapeutic programs and legislation to protect epileptic patients' rights in a broad effort at demystification of epilepsy.
Keywords