Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics (Sep 2017)
Síndrome de Eagle Desencadeada por Estrangulamento Esportivo – Relato de Caso e Considerações Médico Legais
Abstract
As asfixias por constrição do pescoço representam um dos tópicos mais complexos e controversos das ciências forenses, pois envolvem variados mecanismos de lesão, e os achados periciais são muitas vezes inespecíficos. Ainda que haja diferentes classificações, pode-se considerar que no estrangulamento a constrição cervical é produzida por força diversa do corpo da própria vítima, com ou sem o uso de um laço. Técnicas de estrangulamento utilizando regiões diversas dos membros superiores e inferiores são um componente importante da maior parte das artes marciais de contato, como o judô ou o jiu-jitsu, bem como de vários procedimentos de contenção utilizados por forças policiais e de segurança. Um processo estiloide (PE) do osso temporal alongado pode constituir uma condição clínica conhecida como Síndrome de Eagle (SE), caracterizada por sintomas diversos, que vão desde sensação de corpo estranho na faringe, cefaleia, dor cervical, dor faríngea, dor temporomandibular, disfagia, otalgia e até mesmo síncope e morte súbita. Como o alongamento do PE modifica as relações anatômicas desta estrutura com a laringe, com a faringe e com outras vísceras cervicais como vasos sanguíneos, a constrição cervical neste caso pode produzir achados diversos dos usualmente observados, conforme observado no caso em tela, o que destaca a importância de seu conhecimento para a correta interpretação dos eventuais achados periciais nesta situação.