Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
DOENÇA HEMOLÍTICA DO RECÉM-NASCIDO POR ANTICORPO ANTI-E (RH) E SISTEMA ABO
Abstract
Introdução: A Doença Hemolítica do Recém-nascido (DHRN) por incompatibilidade do sistema de grupo sanguíneo (GS) ABO, perfaz 2/3 das incompatibilidades, sendo a mais comum mãe “O” e filho “A”. Quando é por anticorpo anti-D do sistema Rh esta fração perfaz em 1/3. Uma fração mínima se dá por outros anticorpos contra outros antígenos do sistema Rh, o que é mais raro. Descrição do caso: Paciente recebeu alta da maternidade, com icterícia em zona II de Kramer, Bilirrubina Total (BT) de 7,2 mg/dL, hematócrito em 51,6% e com Coombs direto negativo. Não fez FOTOTERAPIA (FT). No 6°dia de vida, foi encaminhado ao Ambulatório de DHRN para acompanhamento clínico-hematológico. Colhido sangue do RN e da mãe para Estudo ImunoHematológico com seguinte resultado: RN: “B” Rh positivo, Coombs direto positivo fraco, Pesquisa de anticorpos Irregulares no Eluato foi negativa, Fenótipo Rh-R2r, Hemoglobina (Hb) 15,5 g/dL e Hematócrito (Ht) 48,2%, BT 10,8 mg/dL, Reticulócito 1%. Mãe: “O” Rh positivo, no soro materno presença no IgG anti-b com título de 1/128 e anticorpo anti-E (Rh2) do Sistema Rh, Fenótipo Rh- Ror. Gesta IV Para IV Aborto 0, todos os 3 primeiros filhos Rh positivos, sem história de icterícia após nascimento. Pai: “B” Fator Rh positivo, Fenótipo Rh-R1R2. Acompanhamento clínico: Paciente segue em acompanhamento semanal, com queda do hematócrito em 7% por semana, Coombs direto positivo fracamente, bom estado geral (BEG), ativo, reativo. Facies atípica. Sem adenomegalias. Orofaringe sem alterações; fontanela anterior 1×1 cm, normotensa. AR: MVUA em ambos os pulmões, sem RA, FR: 58 irpm, ACV: pulsos isócronos, BNF em 2T, RR, sem sopros, FC: 140 bpm. Abdome: flácido, indolor a palpação, timpânico, peristalse presente. Baço não palpável, fígado em RCD. Membros: sem edemas. Genitália: masculina, testículos em bolsa. Pele: integra. Moro presente. Última consulta em 09/08/2021, com 26 dias, apresentava Hb 10,3 g/dL e Ht 32,2%, Coombs direto positivo fraco e clinicamente compensado. Conclusão: o caso clínico chama atenção por apresentar duas incompatibilidades por grupos sanguíneos ABO e Rh, sendo que a incompatibilidade mãe “O” com filho “B” não é a mais comum tanto quanto o título de IgG anti-b elevado. Mesmo com a proteção da IgM na circulação materna, o sistema imune respondeu com a produção de anticorpo irregular anti-E do sistema Rh, que é mais rara, devido as múltiplas gestações pois a mãe nunca recebeu transfusão sanguínea. Observa-se que a hemólise é lenta e gradativa, diferente daquela por anticorpo anti-D. Qualquer que seja a incompatibilidade sanguínea materno fetal, deve-se fazer um bom acompanhamento clínico-hematológico do paciente acompanhado de um Estudo Imunohematológico dos pais, pois o diagnóstico da DHRN se conclui mostrando que o anticorpo no soro materno é o mesmo presente sobre as hemácias do paciente e neste caso, os fenótipos dos pais não são os mais comuns.