Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

DESENVOLVIMENTO DE PROTOCOLO PARA INSPEÇÃO VISUAL DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS NO HEMOCENTRO REGIONAL DE SANTA MARIA

  • BL Dorneles,
  • RP Lorentz,
  • NMD Santos,
  • RC Siqueira,
  • PG Schimites,
  • AIP Marcolino

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S364

Abstract

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Objetivos: Desenvolver um protocolo para inspeção visual de concentrado de plaquetas randômicas (CP) e definir um valor de corte (cut off) quanto à contaminação por hemácias em CP, de acordo com os limites estabelecidos pela legislação, com o objetivo de aprimorar seus critérios de aceitação, a fim de reduzir o risco de aloimunização eritrocitária resultante da transfusão de CP. Materiais e métodos: O protocolo foi desenvolvido durante a rotina de produção dos CP, obtidos a partir de sangue total pela técnica do plasma rico em plaquetas. Foram separadas sete bolsas de CP, de acordo com a intensidade da coloração, representando níveis crescentes de contaminação por hemácias. De cada bolsa de CP, foi retirado um segmento de 6 cm do tubo coletor. Para contagem de hemácias residuais em câmara de Neubauer, as amostras foram diluídas a 1:20 em diluente do analisador hematológico. A partir dos resultados das contagens de hemácias residuais, foi determinado o valor de corte (cut off) (contagem de hemácias residuais inferior ao limite permitido no plasma). Os CP também foram analisados quanto ao volume, contagem de plaquetas e contagem de leucócitos. A produção de CP foi monitorada em nove dias diferentes e dividida em quatro grupos (normal, baixa, média e alta contaminação). Resultados: Foram obtidos CP com volumes entre 62 e 66 mL. A contagem de plaquetas obteve percentual de conformidade de 85,70%, com contagens entre 4,8×1010 plaquetas/unidade e 1,5×1011 plaquetas/unidade. As contagens de leucócitos variaram entre 0,19×108 e 1,4×108 leucócitos/unidade. Considerando os resultados das contagens de hemácias residuais dos sete concentrados de plaquetas analisados, o valor de corte (cut off) foi de 4×106 hemácias/mL. Discussão: A transfusão de hemácias residuais pode levar à formação de anticorpos contra antígenos eritrocitários, principalmente em pacientes politransfundidos, aumentando o risco de reação transfusional. Considerando-se o limite permitido de hemácias residuais no plasma (6,0×106 hemácias/mL, de acordo com a legislação), foi estabelecido o valor de corte (cut off) visual, para indicar os níveis aceitáveis de contaminação por hemácias em CP. Os CP com contagem de hemácias residuais acima do limite permitido possuem intensidade de coloração superior ao CP no valor de corte. Através da correlação entre contagem de hemácias residuais e coloração dos CP foi possível estabelecer um protocolo para inspeção visual. De acordo com o aspecto visual, os CP foram divididos em quatro grupos: normal (de 0 e 1,5×106 hemácias/mL), baixa (3,5 e 4,0×106 hemácias/mL), média (7×106 hemácias/mL) e alta (maior que 11×106 hemácias/mL) contaminação por hemácias. Conclusão: A implementação do protocolo visou aumentar a exatidão do processo de inspeção visual dos CP, identificando a produção de CP com níveis inaceitáveis de contaminação por hemácias, evitando a sua distribuição aos serviços de hemoterapia, e assim, contribuindo para a segurança da terapia transfusional.