Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (Dec 2012)

A não aceitação da gravidez e o desenvolvimento de crianças com quatro anos de idade no bairro Vila Jardim, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

  • Angela Helena Marin,
  • Olga Garcia Falceto,
  • Martha Collares,
  • Pânila Longhi Lorenzzoni,
  • Júlia Oroval Ferrando,
  • Carmen Luiza Corrêa Fernandes,
  • Ângela Polgati Diehl

DOI
https://doi.org/10.5712/rbmfc7(25)533
Journal volume & issue
Vol. 7, no. 25

Abstract

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Objetivo: investigar como a gravidez não planejada e não aceita pode afetar o desenvolvimento da criança e quais os fatores sociodemográficos, das relações familiares e da rede social que podem interagir nessa relação. Método: participaram 82 mulheres que não planejaram a gestação, parte de um estudo longitudinal que incluiu todas as famílias do Bairro Vila Jardim de Porto Alegre, que tiveram filhos em hospital público entre novembro de 1998 e dezembro de 1999. Estas foram divididas em dois grupos: 73 mulheres que aceitaram a gestação até o quarto mês e nove delas que não a aceitaram. As participantes foram entrevistadas sobre: a gravidez e o parto, o relacionamento do casal e o impacto do nascimento da criança tanto para as suas vidas como para a dos pais da criança e famílias de origem. O desenvolvimento das crianças aos quatro anos foi avaliado pelo Teste de Denver II. Resultados: encontrou-se uma diferença significativa entre os grupos, demonstrando que os filhos de mães que não aceitaram a gestação apresentam maiores dificuldades de desenvolvimento da linguagem e da coordenação motora fina em relação às crianças cujas gestações foram aceitas até o quarto mês. Destaca-se que o grupo de mães que não aceitou a gestação apresentou problemas conjugais de moderados a graves e maior número de filhos. Conclusões: as crianças cuja gestação não foi aceita têm maiores riscos de apresentarem problemas de desenvolvimento, quando comparadas com aquelas fruto de gestações não planejadas, mas aceitas até o quarto mês. Esse achado salienta a importância de os profissionais de saúde identificarem durante o pré-natal a aceitação ou não da gestação, visto que este fator, assim como a qualidade da relação conjugal e o número de filhos, está associado com as dificuldades de desenvolvimento da criança, sendo sensível a intervenções terapêuticas e/ou programas de prevenção.

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