Revista de Estudos da Linguagem (Aug 2017)

Relações de herança das construções de posse: extensões de sentido entre construções com verbos plenos e construções de sentimento com verbos leves

  • Gabriele Cristine Carvalho

DOI
https://doi.org/10.17851/2237-2083.25.4.1905-1933
Journal volume & issue
Vol. 25, no. 4
pp. 1905 – 1933

Abstract

Read online

O objetivo deste trabalho é apresentar as relações de herança das construções de posse ou de objeto possuído, como as classifica Perini (2008), as quais exibem os papéis temáticos de possuído e possuidor em sua rede temática e podem ser ilustradas por sentenças como José tem um carro. Carvalho (2015), analisando textos dos séculos XIV ao XVI, observou que os verbos filhar, haver, ter e tomar, que integram essas construções de posse, também constituem sentenças que evocam o frame dos verbos psicológicos, como em José tem medo. A autora verificou também uma identidade sintática entre esses dois tipos de estruturas, embora as de posse sejam construções com verbos plenos (CVPs) e as que denotam eventos psicológicos sejam construções de sentimento com verbos leves (CSVLs). Partindo da Gramática de Construções de Goldberg (1995), segundo a qual as construções são as unidades básicas da língua e estão relacionadas umas às outras por links de herança, e das teorias que propõem uma estreita relação entre os verbos plenos e suas contrapartes leves (BRUGMAN, 2001; BUTT, 2003; BUTT; LAHIRI, 2013; MACHADO VIEIRA, 2003; SCHER, 2003), foram analisadas as relações de herança entre as construções de posse material e as de posse abstrata (CSVLs). Para verificar as extensões de sentido entre ambas foram consideradas as relações sintático-semânticas, a frequência e a história dos verbos e/ou da construção. A análise dos 442 dados encontrados nos corpora permitiu concluir que as CSVLs foram motivadas pelas CVPs.

Keywords