Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

FUNGEMIA POR TRICHOSPORON ASAHII EM UM PACIENTE COM LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA

  • BBC Paula,
  • GB Fischer,
  • G Bellaver,
  • A Zago,
  • LF Soares,
  • V Weber,
  • NM Mottecy,
  • CC Nascimento,
  • LPD Santos,
  • MR Sagrilo

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S400

Abstract

Read online

Introdução: Trichosporon é um fungo basidiomiceto com estrutura semelhante à levedura. Encontra-se disperso no ambiente e pode fazer parte da microbiota humana. Trichosporon asahii é o representante mais proeminente, cuja infecção é mais comumente relatada em indivíduos imunodeprimidos. Métodos: Relato de caso, conforme dados de prontuário, de um paciente com fungemia por Trichosporon asahii em tratamento para leucemia linfoblástica aguda (LLA) atendido em nosso serviço e realizar revisão literária, através da plataforma pubmed, acerca desta infecção. Relato de caso: Paciente masculino, 25 anos, agrônomo, em contato direto com plantações agrículas, iniciou com mialgia em janeiro de 2024, tendo feito uso de corticoide e relaxantes musculares de forma intermitente. Após algumas semanas, evoluiu com dispneia, sendo evidenciado, em radiografia torácica, infiltrados sugestivos de broncopneumonia, iniciando tratamento antimicrobiano ambulatorial. Passados 14 dias de tratamento, por manter quadro de tosse seca e dispneia, procurou novamente atendimento, sendo internado para melhor investigação. Na ocasião, foi realizada tomografia de tórax, exibindo diversas linfonodomegalias, além de volumoso derrame pleural. Foi encaminhado para consulta com hematologia. Na primeira consulta, paciente com múltiplas linfonodomegalias, anemia, plaquetopenia e presença de 55.528 blastos em corrente sanguínea. Imunofenotipagem compatível com LLA T. Iniciado tratamento com protocolo GRAALL. Durante indução, paciente apresentou quadro de candidíase oroesofágica, a qual foi tratada com equinocandina por 10 dias. Dezessete dias após início de tratamento, paciente evolui com instabilidade hemodinâmica, concomitante com o crescimento de elementos leveduriformes em hemocultura. Alterado terapia antifúngica para anfotericina B, todavia, sem melhora da instabilidade, necessitando de intubação orotraqueal e ventilação invasiva. Após 25 horas da coleta da hemocultura, foi isolado Trichosporon asahii. Optado por alterar terapia antifúngica para voriconazol. No entanto, paciente apresenta quadro de choque septico em progressiva piora, evoluindo para falência múltipla de órgãos e, por fim, a óbito dois dias após isolamento do agente infeccioso. Discussão: Trichosporon é um fungo basidiomiceto, com estrutura semelhante à levedura, que se encontra disperso no ambiente e pode fazer parte da microbiota gastrointestinal e cutânea. O Trichosporon asahii é o representante cuja infecção é mais comumente relatada em humanos, majoritariamente em indivíduos imunodeprimidos. A fungemia é definida pela detecção do fungo na corrente circulatória, sendo que o tempo médio para crescimento do fungo em hemoculturas é de aproximadamente 33 horas. No caso dos pacientes hematológicos, que frequentemente possuem uma neutropenia prolongada, há maior atraso na eliminação da fungemia. Em muitos casos, falha-se no diagnóstico, visto que a estrutura do fungo é muito semelhante a uma levedura, refletindo em um tratamento ineficaz, uma vez que, a terapia com azólicos, como o voriconazol, demonstrou maior efetividade, comparado ao uso isolado de anfotericina B. Conclusão: Relatamos o caso de infecção fúngica por tricoscoporum em um paciente com LLA onde houve atraso do diagnóstico visto semelhança da estrutura fúngica com levedura. Alertamos sobre a importância na suspeição de tricosporose naqueles pacientes que não apresentarem melhora com uso de antifúngicos potentes, a exemplo da anfotericina B.