Cadernos de Saúde Pública (Jun 2001)
Mortalidade infantil e condições de vida: a reprodução das desigualdades sociais em saúde na década de 90 Infant mortality and living conditions: the reproduction of social inequalities in health during the 1990s
Abstract
O estudo descreve a evolução da mortalidade infantil em Salvador, de 1991 a 1997, e analisa as desigualdades nestas mortes considerando-se sua distribuição espacial e um índice de condições de vida. Houve um declínio da mortalidade, passando as mortes neonatais e as causas perinatais a ter maior importância. Em 1992, o coeficiente de mortalidade infantil (CMI) aumentou 75%, e só em 1997 voltou aos patamares de 1991, fenômeno que os autores atribuíram à deterioração das condições de vida. A análise da distribuição espacial aponta para a manutenção das desigualdades sociais, sendo a educação a variável de maior correlação. A mortalidade infantil proporcional (MIP) e o CMI mostraram um crescimento linear a partir do estrato de elevada (5,3%) para o de muito baixa (13,3%), e do estrato de intermediária para o de muito baixa condições de vida (de 20,4‰ para 29,3‰), respectivamente. Conclui-se que, apesar da redução dos níveis da mortalidade infantil, são mantidas as desigualdades sociais em saúde, e que os processos sociais que comprometem as condições de vida continuam desempenhando um relevante papel na sua determinação.An ecological study was conducted to determine the infant mortality trend from 1991 to 1997 and to analyze its relationship to living conditions in Salvador, Bahia State, Brazil. Inequality patterns in infant death were analyzed by spatial distribution and a compound socioeconomic index. The data showed a decline in the infant mortality rate, with neonatal deaths and perinatal causes playing a growing role. Despite this overall trend, the infant mortality rate increased in 1992, and it was only in 1997 that it returned to the 1991 level. This fact was interpreted as related to worsening living conditions during that period. Spatial distribution highlights the persistence of health inequalities; education was the variable with the most significant correlation rate. When distributed according to the living conditions index (LCI), both the infant mortality rate and proportional infant mortality showed a linear increase from the intermediate stratum (20.4‰) to the lowest (29.3‰) and from the highest stratum (5.3%) to the lowest (13.3%), respectively. The authors conclude that despite the reduction in the total infant mortality rate, the persistence of social inequalities and a social process that hinders improvement of living conditions are responsible for the inequalities observed in infant mortality.
Keywords