Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ANTICORPO CONTRA ANTÍGENO DE ALTA FREQUÊNCIA, ANTI-PP1PK: RELATO DE CASO

  • GF Devides,
  • FS Silva,
  • F Latini,
  • AJP Cortez,
  • CP Arnoni,
  • TAP Vendrame

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S618

Abstract

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Introdução: O sistema de grupos sanguíneos P1PK é composto por 3 antígenos NOR, Pk e P1. A ausência dos antígenos P1 e Pk gera o fenótipo “p”, extremamente raro. Indivíduos com fenótipo p podem desenvolver anticorpos anti-PP1Pk, uma mistura de anticorpos de classes IgG e IgM. Embora o anti-P1 seja classificado como um anticorpo frio e sem importância clínica, o anti-PP1PK está associado a reações transfusionais hemolíticas graves e pode estar associado com aborto principalmente no primeiro trimestre da gestação e risco de Doença Hemolítica do Feto e do Recém-Nascido (DHPN). Por se tratar de um anticorpo contra antígeno de alta frequência com importância clínica, a identificação por meio de testes Imunohematológicos é extremamente importante principalmente em gestantes para realizar o acompanhamento do Recém-Nascido (RN) e o suporte transfusional. Relato de caso: Paciente ASV, 32 anos, sexo feminino, 1ª gestação e sem histórico transfusional. A amostra foi encaminhada ao laboratório de referência de imunohematologia para identificação de anticorpos irregulares. A paciente foi fenotipada como O positivo, R1r K-P1-Le(a-)Lu(a-)Di(a-)Kp(a-)N-S-. A pesquisa de anticorpos irregulares apresentou reatividade 3+ em gel Liss/Coombs, 4+ em gel Enzima/NaCl (Grifols e Biorad),técnica realizada em tubo apresentou reatividade 2+ temperatura ambiente (TA) e 4°C. Os Testes de Antiglobulina Direta (TAD) e Autocontrole (AC) apresentaram-se negativos. Foi realizada titulação com hemácia R1r K-P1-Le(a-)N-S- e o anticorpo apresentou título 32. A amostra de sangue do recém-nascido coletada no primeiro dia de vida também foi enviada para tipagem sanguínea e o mesmo foi fenotipado como O positivo, R1r C+c+E-e+Cw-K-, TAD e eluato ácido positivos com pan-aglutinação de 2+. Após testes adicionais com enzimas proteolíticas (tripsina, α-quimiotripsina e DTT 0,2M) as provas cruzadas apresentaram positividade 4+, evidenciando resistência do antígeno. Foram realizadas provas cruzadas com hemácias raras (Vel-, Ge(-2)−, Rh null, Jo(a-), Js(b-), Di(b-)) e soros raros (anti-Jr, -Ata, -Lwab) e todos os testes apresentaram resultados positivos. Prova cruzada com soro anti-PP1Pk apresentou resultado negativo. A presença de anti-PP1Pk foi confirmada através da prova cruzada entre o soro da paciente com uma hemácia PP1Pk negativa. Apesar do risco em causar DHPN, o recém-nascido apresentou icterícia precoce apenas nas primeiras 24 horas de vida (Hb: 14,7 g/dL, Ht: 43,2%, BT: 9,42 mg/dL, BI: 8,20 mg/dL e contagem de reticulócitos: 5,48%) e após tratamento com fototerapia os níveis laboratoriais foram normalizados (BT: 10,47 mg/dL, BI: 8,68 mg/dL) e o paciente teve alta hospitalar. Conclusão: A identificação do anticorpo é extremamente importante principalmente em gestantes, e a elucidação em casos complexos requer testes imunohematológicos complementares. Apesar do anti-PP1Pk estar associado ao aborto e o risco de DHPN o RN obteve melhoras com o tratamento com fototerapia.