Horizontes Antropológicos (Dec 2010)

Percursos acelerados de jovens condutores ilegais: o risco entre vida e morte, entre jogo e rito

  • Leila Sollberger Jeolás,
  • Hagen Kordes

DOI
https://doi.org/10.1590/S0104-71832010000200008
Journal volume & issue
Vol. 16, no. 34
pp. 159 – 187

Abstract

Read online

Com base em uma pesquisa de cunho etnográfico sobre "rachas" de carros e de motos, propomos questionar se a aceleração dos motores pode ser pensada como uma metáfora para a aceleração dos percursos fluidos, flexíveis e incertos desses jovens, próprios do contexto da "sobremodernidade". O objetivo é de compreender os significados atribuídos à experiência da velocidade e ao risco aí envolvido, a fim de analisar a relação entre condutas de risco juvenis e o papel dos ritos de passagem, conceito-chave na antropologia. Discutiremos o alcance e os limites de se compreender os "rachas", por um lado, como uma forma individualizada de ritualizar a passagem da infância à idade adulta e, por outro, como a expressão lúdica de uma forma de jogo-brinquedo. Como outras formas de culturas juvenis, os "rachas" podem ser compreendidos como linguagem de singularização e de pertencimento reforçada por valores e práticas de uma masculinidade hegemônica tradicional.This ethographic study about the "rachas" of motos and cars is grounded around the question, if and in how far the acceleration of motors could serve as a methaphor for the acceleration of fluid, flexible and undetermined par-courses of life in the context of "surmodern" societies. The objective is first to understand the significations given to the experiences of speed and of the risks implied, in order to analyse then the relationship between the youth's risk conduct and the rites of passage. We will discuss the potentialities and limits of comprehending the "rachas" on one side as an individualised form of a passage ritual and on the other side as a ludicrous expression of play and joy. Thus we could interpret the "rachas" like other varieties of youth culture as a language of singularisation and affiliation emphasized by practices of traditional hegemonic masculinity.

Keywords