Manuscrítica (Jul 2022)

Devires e fabulação da escrita poética em 'O perfeito cozinheiro das almas deste mundo'

  • Elisabete Alfeld

Journal volume & issue
no. 46

Abstract

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O estudo apresenta algumas considerações sobre O perfeito cozinheiro das almas deste mundo (Oswald de Andrade). O instante da escrita coletiva do diário compreendeu o período de 1918 a 1919, um registro da criação em ato, um processo contínuo de troca de mensagens sobre os mais variados e inusitados assuntos escritos de modo irreverente e descompromissado. Essa modalidade anuncia uma escrita do devir, uma vez que não-representativa, expande seus limites e situa-se no limiar entre prosa e poesia. Esse traço singular da obra é revelador de uma escrita potencialmente inventiva que experimenta caminhos; portanto, uma escrita inacabada ou mesmo uma não-escrita que coloca o literário ao lado do informe, do inacabado. A releitura do diário nos permite, pela crítica genética, colocá-lo em ação novamente e apreender, a partir de rastros arqueológicos e da matriz inventiva precursora da poética do Modernismo, o devir da escrita em ato de fabulação.

Keywords