Prometeus: Filosofia em Revista (Apr 2012)

O TRANSCENDENTE E SUAS VARIAÇÕES NA FENOMENOLOGIA TRANSCENDENTAL DE EDMUND HUSSERL

  • Carlos Diógenes Côrtes Tourinho

Journal volume & issue
Vol. 5, no. 9

Abstract

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Como estratégia metodológica para o alcance das evidências apodíticas, o exercício da epoché se lança, inicialmente, sobre tudo o que é transcendente, no sentido do que se encontra fora da vivência intelectiva. Desloca-se a atenção para o que se revela na cogitatio. Mas Husserl vai além da chamada “evidência da cogitatio” ao generalizar a epoché. O transcendente passa a ser entendido como o domínio de onde não se pode eliminar a possibilidade da dúvida em relação à posição de existência das coisas. Se pela epoché o objeto se reduz à consciência transcendental, essa mesma redução implica uma constituição do objeto, tornando o mesmo uma espécie de “transcendência na imanência”. Apesar da imanência, o objeto intencionado não perde, em sua versão reduzida, a sua alteridade. Deparamo-nos, então, com um terceiro emprego do conceito de “transcendente”. O objeto é apreendido e constituído intuitivamente na subjetividade transcendental. Mas, o eu puro é também um tipo de transcedência na imanência. Porém, uma “transcendência original”, pois é uma transcendência “não constituída”. Desloca-se a ideia do transcendente: do domínio das dúvidas e incertezas para a autêntica imanência da subjetividade transcendental.