Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
ANÁLISE DE IMUNIZAÇÕES E SEU IMPACTO NAS INTERNAÇÕES POR FEBRE AMARELA NO SUS NO PERÍODO DE 2016 A 2022 NO BRASIL
Abstract
Introdução: A Febre Amarela (FA) é uma doença infecciosa febril aguda causada por um arbovírus. Em geral, o quadro clínico é brando, porém, em evoluções desfavoráveis, a FA pode cursar com manifestações hemorrágicas, insuficiência renal e hepática. Nesses casos, o manejo ocorre sob internação hospitalar, muitas vezes em Unidade de Terapia Intensiva. A vacinação é o principal meio de prevenção e controle da doença e apresenta eficácia acima de 95%. O objetivo do presente estudo foi analisar o impacto da imunização contra FA no número de internações pela doença no SUS entre 2016 e 2022. Métodos: Estudo transversal, descritivo e com abordagem quantitativa, realizado com coleta de dados no Sistema de Morbidade Hospitalar do SUS e do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações vinculados ao DATASUS, segundo as variáveis de sexo, idade, ano e região relacionadas ao número de internação por FA entre janeiro de 2016 e dezembro de 2022 no Brasil. Foram coletados também dados segundo as variáveis ano, região e cobertura vacinal para a FA e aplicada estatística descritiva por meio do software Microsoft Excel. Resultados: No período de 2016 a 2022, 2.002 pacientes foram internados e 312 faleceram em decorrência da FA. No país, o número de internações aumentou 26 vezes entre 2016 e 2017 e 33,5% entre 2017 e 2018. Em seguida, reduziu 91,3% de 2018 para 2019 e 65,5% de 2019 para 2022. O pico de internações nos anos de 2017 e 2018 se deve a casos na região Sudeste, que acumulou 1.691 internamentos, correspondendo a 88,4% de todas as internações no país no período. O sexo masculino representou 77,9% das internações e a faixa etária de 20 a 59 anos, 70,5%. A cobertura vacinal média no período deste estudo foi de 55,7%. A variação dessa cobertura contou com aumento de 2,7% entre 2016 e 2017, 12,1% entre 2017 e 2018 e 2,9% em 2018 e 2019, mas reduziu 1,7% entre 2019 e 2022. A região Sudeste apresentou a maior variação da cobertura vacinal: de 39,4% em 2017 para 66,3% em 2018. Conclusão: O aumento das internações entre 2016 e 2018 tem relação com o surto de FA ocorrido na região Sudeste nesse período, provavelmente pela associação entre baixa cobertura vacinal e fatores ambientais. Percebe-se uma predominância do sexo masculino nos casos. Houve aumento da cobertura vacinal, principalmente entre 2017 e 2018, com destaque para a região Sudeste, o que possivelmente contribuiu para significativa redução do número de internações pela doença em 2018 e 2019.