Pubvet (Mar 2018)
Uso do cetoconazol no tratamento e controle das alterações clínicas e hematológicas de hiperadrenocorticismo canino: Relato de Caso
Abstract
O hiperadrenocorticismo (HAC), conhecido também como Síndrome de Cushing, é uma enfermidade que se manifesta por uma série de alterações clinicas e anormalidades multissistêmicas resultantes da maior exposição crônica a glicocorticóides secretados pelas adrenais ou administração excessiva deste hormônio. Duas diferentes categorias de medicamentos são usadas atualmente no tratamento do HAC: inibidores da esteroidogênese e moduladores da secreção de ACTH. Entre os fármacos inibidores de esteroidogênese o mais indicado na prática pelos médicos veterinários é o trilostano. No entanto, devido seu alto custo há a necessidade de se estudar fármacos que possam ter ação sistêmica no controle das alterações clínicas e hematológicas do HAC. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o uso de cetoconazol como fármaco de eleição no tratamento e controle das alterações clínicas e hematológicas do hiperadrenocorticismo canino. Foi atendida na Policlínica Veterinária Metropolitana de Caucaia - HVM uma cadela, da raça Poodle, com 8 anos de idade, com diagnóstico de hiperadrenocorticismo. A tutora relatou que a cadela estava a 4 meses sem fazer uso do Trilostano por não ter condições financeiras de manter o tratamento, o que piorou significativamente os sinais clínicos anteriormente apresentados: polidipsia, poliúria, polifagia, pele hiperpigmentada e com lesões, alopecia simétrica, telangiectasia, abdome pendular, fraqueza muscular nas regiões dos membros pélvicos. Constatou-se visualmente a dispneia e na ausculta cardíaca foi detectada taquicardia. Foram então solicitados exames laboratoriais, ultrassonográficos e avaliação cardiológica (eletrocardiograma e ecocardiograma). Diante das alterações nos resultados dos exames o médico veterinário sugeriu a utilização de Cetoconazol com a dose inicial de 5mg/kg/VO/BID por 7 dias e silimarina 180mg/VO/SID.com a finalidade de controlar os sintomas clínicos da paciente e as alterações observadas nos exames realizados. Após esse período foi observada melhora significativa quanto às alterações hematológicas e bioquímicas da paciente, no entanto clinicamente o animal apresentou piora, apresentando vômitos frequentes e inapetência. Diante do exposto, pode-se concluir que o uso de cetoconazol no tratamento de pacientes com HAC canino deve ser utilizado apenas como tratamento adjuvante, visto que apesar de apresentar melhora significativa das alterações hematológicas e bioquímicas relacionadas ao distúrbio endócrino não proporciona melhora dos sintomas clínicos.
Keywords