Antropologia Portuguesa (Jan 2019)

Um possível caso de doença óssea de Paget na Coleção de Esqueletos Identificados de Évora, Portugal (século XX)

  • Cheila Ribeiro,
  • Cláudia Relvado,
  • Teresa Fernandes

DOI
https://doi.org/10.14195/2182-7982_35_6
Journal volume & issue
no. 35

Abstract

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A doença óssea de Paget (DOP) é uma doença metabólica caracterizada pela remodelação óssea anómala, de etiologia desconhecida. O esqueleto em estudo pertence à Coleção de Esqueletos Identificados de Évora, sendo este do sexo feminino, com uma idade à morte de 88 anos, tendo falecido em 1987. Recorrendo à análise macroscópica, a olho nu, e radiológica, observaram-se várias alterações ósseas, destacando-se o espessamento e deformação das tábuas interna e externa do osso frontal, onde a morfologia lembrava pedra-pomes, bem como espessamentos nas regiões do vértex e do ínion e ainda a presença de um padrão radiológico de “algodão-lã” no díploe. Nos ossos longos, as alterações mais exuberantes ocorreram nas tíbias e nos fémures e resultaram do espessamento ósseo, conduzindo a contornos irregulares e encurvamento das diáfises, apresentando a tíbia direita uma forma de sabre muito acentuada. Radiologicamente, observou-se que estes ossos apresentavam o osso cortical com aspeto esclerótico. Os ossos coxais, o sacro e as vértebras lombares apresentavam formação de osso novo e porosidade generalizada. Nos coxais, estava presente um aumento da espessura na asa ilíaca. No diagnóstico diferencial, consideraram-se a osteomalacia, a DOP, a sífilis, a leontíase óssea e a hiperostose frontal interna. A DOP parece o diagnóstico mais provável, dada a combinação das lesões.