Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

PROLIFERAÇÃO DE CÉLULAS DENDRÍTICAS PLASMOCITOIDES MADURAS EM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA: ESTAMOS PREPARADOS PARA FAZER ESSE DIAGNÓSTICO?

  • LM Silvano,
  • MS Vieira,
  • NA Marcondes,
  • FB Fernandes,
  • LN Rotta

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S191 – S192

Abstract

Read online

Introdução: A proliferação de células dendríticas plasmocitoides (pDC) maduras associada à neoplasia mieloide é encontrada em cerca de 4,9% das leucemias mieloides agudas (LMA), nestes casos comumente reportada como pDC-AML. Ela está associada a pior resposta ao tratamento, maior chance de recidiva e menor tempo de sobrevida quando comparada à LMA sem aumento de pDC. Neste cenário, torna-se importante o seu diagnóstico, dependente da identificação de > 2% de pDC dentre os leucócitos, no contexto de neoplasias mieloproliferativas e/ou mielodisplásicas. Objetivo: Avaliar se os painéis de anticorpos utilizados no diagnóstico de LMA realizado por imunofenotipagem por citometria de fluxo (IFC) são capazes de identificar e quantificar adequadamente as pDC. Métodos: Análise retrospectiva de gráficos de diagnósticos de LMA, obtidos por IFC, entre 2020 e 2024, oriundos da rotina do Laboratório Zanol (Porto Alegre/RS), avaliando a capacidade de identificação de pDC. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da UFCSPA (parecer 6.710.641). Resultados: A análise parcial revelou a utilidade da expressão dos marcadores HLA-DR e CD123 forte para seleção de pDC e dificuldade em isolá-las na ausência destes. A expressão de CD123 se mostrou mais fraca com os fluorocromos PE e PC5.5 em relação ao APC, comprometendo em alguns casos a separação de pDC e blastos. Em alguns pacientes, os blastos expressaram fortemente CD123, semelhante à expressão pelas pDC. A expressão mais fraca deste marcador pelas pDC também foi observada. Em ambas situações a separação de blastos e pDC foi prejudicada. Em alguns pacientes, as pDC expressaram CD36 anormalmente, tornando desafiadora a diferenciação de pDC e precursores monocíticos, visto que ambas populações possuem um imunofenótipo semelhante. Discussão: O diagnóstico de pDC-AML exige uma combinação apropriada de marcadores capazes de identificar pDC e separá-las das demais populações celulares. Para isso, a combinação de HLA-DR e CD123 se mostrou promissora. Alguns painéis de anticorpos usados no diagnóstico de LMA não contemplam os dois marcadores no mesmo tubo. O painel proposto pelo Grupo EuroFlow possui ambos no mesmo tubo, entretanto, a sua realização não é obrigatória para todos os pacientes. O Grupo Brasileiro de Citometria de Fluxo propõe a testagem dos dois marcadores como parte essencial do diagnóstico de LMA, entretanto, recomenda o uso de CD123 em PE, que demonstrou uma intensidade mais fraca em nossas análises. Além disso, em alguns casos podem ser necessárias marcações adicionais para isolar e diferenciar pDC de blastos e outras populações, como os precursores monocíticos. Nesse caso, a ausência de CD64 pelas pDC e o uso de marcadores específicos de pDC podem ser úteis, como CD304 e CD303, embora haja relatos da expressão de CD303 por células monocíticas. Conclusão: Os marcadores CD123 e HLA-DR se mostraram essenciais para identificação de pDC no diagnóstico de LMA e seu uso, portanto, é recomendado. Salienta-se que a escolha do fluorocromo para o CD123 e a escolha dos demais marcadores que integram o tubo é essencial para aumentar as chances de identificação de pDC. Estudos mais robustos sobre o assunto são necessários, a fim de embasar protocolos de análise de LMA que contemplem a identificação de pDC e, portanto, permitam o diagnóstico de pDC-AML mais assertivo.