Arquivos Brasileiros de Cardiologia (Sep 2006)

Insuficiência cardíaca grave em unidade de terapia intensiva: existe um índice prognóstico ideal? Severe heart failure at intensive therapy unit: is there an ideal prognostic index?

  • Cristina Bueno Terzi,
  • Silvia G. Lage,
  • Desanka Dragosavac,
  • Renato G. G. Terzi

DOI
https://doi.org/10.1590/S0066-782X2006001600018
Journal volume & issue
Vol. 87, no. 3
pp. 344 – 351

Abstract

Read online

OBJETIVO: Avaliar a aplicabilidade de três índices prognósticos - APACHE II, SAPS II e Unicamp II, em um subgrupo de pacientes críticos, portadores de insuficiência cardíaca (IC). MÉTODOS: Foram estudados 90 pacientes, sendo 12 do sexo feminino e 78, do sexo masculino, com idade média de 56 (18-83) anos. Os pacientes encontravam-se em classe funcional IV (NYHA) ou choque cardiogênico secundário às cardiomiopatias: dilatada (44%), chagásica (25,5%), isquêmica (18%), hipertensiva (1,1%), hipertrófica (1,1%), alcoólica (1,1%), e secundário às valvopatias já submetidas à correção cirúrgica (7,7%). Para descrever o perfil da amostra, segundo as diversas variáveis em estudo, foram feitas tabelas de freqüência das variáveis categóricas e estatísticas descritivas das variáveis contínuas. Para analisar a relação entre os valores dos índices prognósticos e a evolução para o óbito, foi realizada a análise da curva ROC, calculadas as estatísticas de bondade do ajuste de Hosmer e Lemeshow, assim como a SMR (Standardized Mortality Ratio). RESULTADOS: A análise estatística mostrou baixa sensibilidade, especificidade e acurácia dos três índices prognósticos para os pacientes com IC, tendo sido subestimada a mortalidade nesse grupo. Na IC refratária, a ocorrência de tromboembolismo pulmonar (TEP) foi um fator importante em relação à mortalidade. CONCLUSÃO: Os três índices prognósticos estudados não foram adequados para avaliação dos cardiopatas internados na Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Nos pacientes com IC, o fator TEP foi importante para a descompensação aguda da IC e para a alta mortalidade do grupo. Índices prognósticos para cardiopatas com IC refratária deverão ser propostos, e a discussão sobre anticoagulação nestes pacientes deve ser ampliada.OBJECTIVE: To assess the applicability of three prognostic indexes - APACHE II, SAPS II and UNICAMP II - in a subgroup of critical heart failure (HF) patients. METHODS: Ninety patients were studied, being 12 females and 78 males. Mean age was 56 (18-83). Patients were ranked in functional class IV (NYHA) or cardiogenic shock secondary to cardiomyopathies: dilated (44%), chagasic (25.5%), ischemic (18%), hypertensive (1.1%), hypertrophic (1.1%), alcoholic (1.1%), and secondary to valvopathies after surgical correction (7.7%). Tables with frequency of categorical variables and descriptive statistics of continuous variables were created in order to describe sample profile for the different variables under study. In order to analyze the relationship between prognostic indexes levels and course towards death, an analysis of the ROC curve, as well as Hosmer and Lemeshow Test of Goodness of Fit calculated, and Standardized Mortality Ratio (SMR) were carried out. RESULTS: The statistical analysis showed low sensitivity, specificity, and accuracy of the three prognostic indexes for HF patients. Mortality was underestimated in this group. Pulmonary thromboembolism (PTE) was a major factor of mortality rate in severe HF. CONCLUSION: The three prognostic indexes under study did not prove to be appropriate for the assessment of cardiopathy patients at Intensive Care Unit (ICU). For HF patients, PTE played a major role in mortality of heart failure. Specific prognostic indexes for cardiopathy patients with severe HF should be proposed, and the discussion on anticoagulation on those patients should be expanded.

Keywords