Letras de Hoje (Jan 2004)
A fala da criança sob um olhar enunciativo
Abstract
Neste trabalho, pretendo trazer a concepção de Benveniste acerca da aquisição da linguagem, enfatizando alguns pontos que a caracterizam. O primeiro diz respeito ao fato de que, ao conceber uma relação de reciprocidade entre homem e sociedade, esse autor se opõe à tese inatista, porque a língua com suas formas específicas, numa cultura particular, é aprendida pela criança, embora a linguagem seja uma faculdade humana. O segundo relaciona-se à questão de que, para ele, a língua é sempre mediação, seja homem/sociedade, seja homem/cultura, seja homem/homem, enfatizando que as relações intersubjetivas são condição para a comunicação. Por isso, cencebe a intersubjetividade como necessária para a criança aprender a estrutura lingüística e social. A partir dessas noções, abordo aspectos relevantes em sua teoria enunciativa do sentido para dar conta do dizer da criança. Com a noção de intersubjetividade, observo que a unidade de análise, nos dados de criança, precisa ser o diálogo e, com as noções de frase, palavra, signo e sintagmatização, reflito sobre a apropriação da língua pela criança
