Medicina (Jul 2021)

Avaliação do luto familiar na perda gestacional e neonatal

  • Renato Mitsunori Nisihara,
  • Cristina Okamoto,
  • Somaia Reda,
  • Natalia Maia,
  • Gabriele Mendes,
  • Carolina Pucci,
  • Mariana Trintinalha

Journal volume & issue
Vol. 54, no. 1

Abstract

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Objetivos: Avaliar o grau de luto causado pela perda gestacional ou neonatal em pais e mães, associando com variáveis sócio-demográficas. Adicionalmente, comparar o grau de luto de acordo com o momento da perda. Métodos: Estudo transversal, realizado com aplicação de questionário sociodemográfico e questionário validado (Escala de Luto Perinatal–ELP) em pais que tiveram perda de seu filho em qualquer perído gestacional ou no neonatal. Resultados: 542 pais e mães estavam aptos para participação do estudo e após serem convidados para responder à pesquisa, 104 (19,1%) concordaram em participar. Os 104 participantes foram divididos em dois grupos: perda no primeiro trimestre gestacional (76,9%), e demais trimestres somados ao período neonatal (23,1%). Evidenciou-se predomínio materno das respostas (89,4%) e idade média de 29,1±15,58 anos. A mediana do escore na ELP foi de 90 pontos, não havendo diferença entre as pontuações de acordo com o momento da perda. Primigestas e mulheres com idade <25 anos apresentaram pontuações maiores que as demais (p=0,042 e p=0,047). Ideação suicida foi relatada por 15,4% e 32,7% das mães que se culpam pela morte do bebê têm escores significativamente maior do que aquelas que não tinham tal sentimento (p<0,0001). Estado civil, escolaridade, situação econômica, religião, realização de pré-natal, etnia e abortamento prévio não apresentaram associação significativa com os escores obtidos na ELP. Conclusão: O luto ocorreu independente da idade gestacional do momento da perda, sendo de maior intensidade nas mulheres mais jovens e naquelas com sentimento de culpa. Medidas devem ser tomadas para minimizar tal sofrimento.

Keywords