Revista Uningá (Jun 2006)

Incidência dos distúrbios articulatórios compensatórios e de alterações vocais em indivíduos com seqüela de fissura de palato

  • PRISCILA MARIA TREZZA,
  • JOSIANE VIEIRA MARTINS

Journal volume & issue
Vol. 8, no. 1

Abstract

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A fissura labiopalatina é uma malformação craniofacial congênita que atinge alta incidência na população humana. Compromete anatomofuncionalmente o esfíncter velofaríngeo, fator determinante para distúrbios da comunicação oral, mais especificamente na fala e voz, mesmo após as correções cirúrgicas. A presente pesquisa estudou os diversos tipos de alteração articulatória compensatória dos fonemas na fala de indivíduos fissurados, verificando qual ou quais os fonemas mais afetados. Outro aspecto estudado foi a qualidade vocal do sujeito com seqüela de fissura de palato. Foram estudadas amostras de fala gravadas de 21 indivíduos com seqüela de fissura de palato, sendo que 48% apresentaram distúrbios articulatórios compensatórios (DAC). Nos fonemas brasileiros pôde-se constatar que os fonemas plosivos e fricativos são os que mais incidiram em erros articulatórios. Nos fonemas plosivos, o tipo mais freqüente de alteração articulatória compensatória foi golpe de glote co-articulado em 38% dos casos. Nos fonemas fricativos, o tipo mais freqüente de DAC foi fricativa faríngea em 33% dos indivíduos. Os fonemas plosivos mais afetados foram os linguodentais /t/ e /d/, enquanto que nos fonemas fricativos, os mais alterados foram /s/ e /z/. Quanto aos aspectos vocais, encontrou-se normalidade em 51% dos fissurados, 49% apresentou alteração vocal, com percentual alto de qualidade vocal rouca e rouco-soprosa (24%), maior no sexo feminino. A nasalidade atingiu valores de 15%. A pesquisa confirma dados da literatura sobre a permanência das alterações de fala por fatores funcionais, mesmo após a correção anatômica da fissura, possivelmente devido a padrões neuromotores aprendidos.