Horizontes Antropológicos (Jun 2011)

Antropologia no campo da saúde global

  • João Biehl

DOI
https://doi.org/10.1590/S0104-71832011000100009
Journal volume & issue
Vol. 17, no. 35
pp. 227 – 256

Abstract

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Neste artigo, eu exploro os limites de abordagens baseadas em balas mágicas para os problemas de saúde global e mostro como as iniciativas centradas nas pessoas desafiam as ortodoxias econômicas e dos direitos humanos e ampliam nossa percepção daquilo que é socialmente possível e desejável. Utilizo o meu estudo etnográfico de longo prazo sobre a resposta terapêutica brasileira ao HIV/AIDS e suas repercussões nos âmbitos de governo, mercados, sistemas de saúde e vida pessoal. Faço também o relato de um novo projeto comparativo sobre as consequências de grandes intervenções farmacêuticas em contextos com recursos limitados. Considerando tanto os processos mais amplos quanto as singularidades humanas, o artigo abre uma janela crítica para os valores e os resultados de intervenções farmacêuticas e humanitárias contemporâneas na vida real. Ao criticar as práticas institucionais de produção de evidência, também reconsidero as noções de responsabilidade e cuidado dentro da antropologia e da medicina.In this article, I explore the limits of magic-bullet approaches to global health problems and show how people-centered initiatives challenge economic and human rights orthodoxies and enlarge our sense of what is socially possible and desirable. I draw from my long-term ethnographic study of the Brazilian therapeutic response to HIV/AIDS and its repercussions through government, markets, health systems and personal lives. I also report on a new comparative project on the aftermath of large-scale pharmaceutical interventions in resource-poor settings. Attending to both larger processes and to human singularities, the article opens a critical window into the values and the real-life outcomes of contemporary pharmaceutical and humanitarian interventions. As I critique institutional evidence-making practices I also reconsider anthropology and medicine's notions of responsibility and care.

Keywords